
A tática no futebol tem se reinventado constantemente, movendo-se do clássico 4-3-3 para sistemas baseados no controle absoluto da posse e a pressão intensa sobre o adversário, modelo incorporado com maestria pelo Manchester City, comandado por Pep Guardiola.
Este fenômeno tem transformado a maneira como times buscam o protagonismo dentro de campo, com impactos diretos no futebol brasileiro e global.
O 4-3-3 E SUA IMPORTÃNCIA HISTÓRICA
A base do futebol moderno frequentemente remete ao esquema 4-3-3, que consiste em quatro defensores, três meio-campistas e três atacantes.
Esta formação proporciona amplitude ofensiva e controle do meio-campo, permitindo que o time dite o ritmo do jogo. No ataque, dois pontas exploram as laterais, enquanto um centroavante atua como referência.
Historicamente, o 4-3-3 ganhou força a partir do futebol total dos anos 1970, com a Holanda liderada por Rinus Michels e Johan Cruyff. Mais recentemente, treinadores como Pep Guardiola, Jürgen Klopp e Carlo Ancelotti têm utilizado variações desse sistema para combinar ofensividade e solidez defensiva.
“O 4-3-3 é uma formação versátil que permite transições rápidas e uma pressão efetiva, especialmente quando combinada com o conceito de pressão alta,” explica o analista tático Lucas Pereira. “Guardiola adaptou esse esquema para controlar o jogo e forçar o adversário a erros, criando um estilo emblemático e dominante”.
PRESSING ALGO: DEFINIÇÃO E APLICAÇÃO
Pressing alto é uma estratégia defensiva onde o time pressiona o adversário logo no seu campo de defesa, tentando recuperar a posse da bola rapidamente.
Essa abordagem exige grande intensidade física e alinhamento tático, obrigando os adversários a cometerem erros na saída de bola, o que gera oportunidades ofensivas imediatas.
O Manchester City é um dos maiores exemplos dessa aplicação. Com linhas compactas e atletas preparados para pressionar intensamente, o time de Guardiola consegue sufocar a circulação adversária e criar jogadas avançadas a partir da recuperação rápida.
O técnico e ex-jogador Carlos Alberto Torres, já falecido destacou certa vez: “O pressing alto moderno não é apenas pressão, é todo um sistema pensado para recuperar a bola o mais rápido possível, quase como um ataque coordenado”.
NO FUTEBOL BRASILEIRO
O pressing alto vem ganhando espaço no futebol brasileiro, inspirado no modelo europeu. Times como Flamengo, Atlético Mineiro e Palmeiras, principalmente, têm implementado variações dessa tática sob comandos de treinadores que valorizam a intensidade e a recuperação rápida da bola.
Treinadores como Renato Gaúcho e Abel Ferreira são exemplos notórios. “Nossos times precisam ser agressivos, obrigar o adversário a errar cedo. O pressing alto exige preparo físico e inteligência tática, e é fundamental para o futebol competitivo hoje,” afirma Abel Ferreira, treinador do Palmeiras.
INOVAÇÃO DE GUARDIOLA
Pep Guardiola, no Manchester City, evolui o 4-3-3 tradicional para uma variação dinâmica e posicional, algumas vezes chamada de 3-1-3-3 ou até 3-1-5-1 em momentos ofensivos, onde os laterais avançam bastante.
A pressão é orquestrada por três atacantes que formam uma primeira linha de marcação, intentam sufocar a saída dos adversários, apoiados por meio-campistas que fecham os espaços.
Além da intensidade, o posicionamento exato durante a pressão é fundamental. Segundo o especialista em táticas João Paulo Marchinski:
“O City mantém boa compactação no bloco alto, buscando pressionar o portador da bola e recuperá-la em poucos segundos. Os volantes e laterais são peças-chave para fechar linhas de passe e ajustar a pressão”.
Um exemplo recente dessa organização foi um jogo contra o Chelsea, onde o City usou o 4-3-3 de forma posicional para sobrecarregar os volantes adversários e criar chances para jogadores como Kevin De Bruyne e Haaland, explorando a pressão alta como fundamento para criar superioridade numérica.
DESAFIOS E EXIGÊNCIAS DOFUTEBOL MODERNO
Apesar de ser eficiente, o pressing alto exige grande condicionamento físico e disciplina tática. Se mal executado, pode deixar o time exposto a contra-ataques e explorar vulnerabilidades defensivas.
No Brasil, ainda existem resistências devido ao desgaste que esse estilo impõe, mas o padrão vem sendo cada vez mais adotado, especialmente em clubes que disputam competições internacionais.