A hora da verdade para Neymar: um ídolo em xeque na Vila

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Foto: Gustavo Gomes/Agência Brasil

O Santos chega à reta decisiva do Campeonato Brasileiro deste ano preocupando muito seus torcedores. Afinal, o time, atualmente na zona de rebaixamento, vive um momento delicado e precisa reagir urgentemente para evitar um novo rebaixamento, apenas um ano depois de ter retornado à elite do futebol nacional.

A esperança santista, mais do que nunca, se volta para Neymar. O atacante, contratado com pompa e grande investimento no início da temporada, ainda não conseguiu traduzir em campo o protagonismo que se esperava dele.

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Neste sábado, às 21h, na Vila Belmiro, o Peixe enfrenta o Palmeiras – atual líder do Brasileirão-25 – em um clássico que pode definir não apenas o futuro da equipe, mas também o destino do próprio camisa 10.

QUESTIONADO

Desde que retornou ao clube que o revelou, Neymar tem oscilado entre lampejos de genialidade e atuações apagadas. O talento inquestionável continua evidente, mas o contexto em que o Santos se encontra – um time pressionado, tenso e sem confiança – tem tornado a convivência mais difícil.

Na última rodada, a derrota por 3 x 2 para o Flamengo, no Maracanã, expôs feridas no elenco. Segundo informações de bastidores, Neymar teria feito críticas duras a alguns colegas logo após o jogo, o que gerou mal-estar no vestiário.

Parte do elenco teria considerado suas palavras “fora de hora” e “excessivamente duras”, especialmente em um momento de fragilidade coletiva. Por isso, Neymar é cada vez mais questionado.

SINCERIDADE

O próprio Neymar, porém, tentou amenizar o episódio. Em entrevista concedida nesta quarta-feira, o craque afirmou: “Eu sempre fui muito sincero e quero o melhor para o Santos. Se eu cobro, é porque acredito que podemos mais. Nunca foi minha intenção ofender ninguém. O que mais quero é ver esse clube fora da zona de rebaixamento.”

Mesmo com a tensão, o atacante segue uma peça central no esquema de Juan Pablo Vojvoda. O treinador argentino manteve a confiança no jogador e já confirmou sua presença entre os titulares e como capitão no clássico contra o Palmeiras.

APOIO

Vojvoda tem evitado polemizar o caso. Em tom conciliador, o técnico defendeu Neymar e destacou seu comprometimento nos treinos do Peixe desde que se recuperou de contusão. 

“O Neymar é um líder dentro e fora de campo. Ele sente muito o momento do time, e às vezes isso se manifesta de forma mais intensa. Mas eu vejo um jogador comprometido, que treina forte e quer ajudar. Ele será nosso capitão contra o Palmeiras porque acredito nele e na influência positiva que pode ter sobre o grupo”, declarou Vojvoda em entrevista coletiva.

Segundo membros da comissão técnica, o treinador tem trabalhado para blindar o elenco e reduzir o peso da pressão externa. O duelo contra o Palmeiras, adversário em grande fase e brigando pelo título, será um teste de fogo para a coesão do grupo e, especialmente, para  Neymar.

PRESSÃO

A volta de Neymar ao Santos foi celebrada como um reencontro de amor e história. O ídolo, que brilhou com a camisa alvinegra no início da década passada, conquistando títulos e encantando o mundo, retornou ao clube com a promessa de recolocar o Peixe em destaque. Mas a realidade se mostrou bem mais dura.

Com lesões, rendimento irregular e a instabilidade da equipe, o projeto de reconstrução tem sido mais turbulento do que o imaginado. Ainda assim, o nome de Neymar continua sendo sinônimo de esperança para a torcida.

Para o comentarista esportivo Rafael Coutinho, o problema não é a presença do craque, mas o contexto em que ele foi inserido.

“Neymar voltou a um Santos em crise, sem estrutura competitiva e com jogadores jovens que ainda olham para ele com uma mistura de admiração e medo. Quando o time perde, o peso cai todo sobre ele. Mas é injusto dizer que ele atrapalha. O time melhorou em alguns momentos sem ele, é verdade, mas isso é circunstancial”, analisa Coutinho.

CONFLITO DE LIDERANÇAS

Nos bastidores, comenta-se que há um conflito silencioso de lideranças no elenco. Neymar, naturalmente, é a figura central, mas outros jogadores experientes também exercem influência. 

Alguns veem a postura mais direta de Neymar como uma tentativa de assumir o papel de líder absoluto, o que nem sempre é bem recebido.

Mesmo assim, o camisa 10 tem sido um dos mais participativos em campo, ainda que sem o brilho de outrora. Nas últimas cinco partidas, marcou gols e deu uma assistência, números modestos para seu padrão, mas ainda superiores aos de outros atacantes do elenco.

CLÁSSICO DE VIDA OU MORTE

O confronto contra o Palmeiras ganha contornos de decisão. Uma vitória poderia tirar o Santos da zona de rebaixamento e dar novo fôlego para as rodadas finais; uma derrota, por outro lado, deixaria o time em situação dramática.

Além da rivalidade histórica, o clássico será o palco ideal para Neymar mostrar que ainda pode ser o diferencial que o Santos tanto precisa.

A expectativa é que a Vila Belmiro esteja lotada, empurrando o time e seu principal ídolo em busca de redenção.

CONCLUSÃO

O Santos chega à “hora da verdade” com um elenco dividido entre esperança e tensão. Neymar, símbolo máximo do clube, carrega sobre os ombros o peso da responsabilidade.

Se brilhar contra o Palmeiras, o craque poderá transformar vaias em aplausos e críticas em confiança. Mas se repetir as atuações discretas e os atritos recentes, o ídolo pode ver sua volta ao Peixe se tornar uma das histórias mais frustrantes do futebol brasileiro recente.