
As torcidas organizadas voltam a ocupar um papel de destaque nos estádios brasileiros, reacendendo debates sobre seu impacto na cultura do futebol, a atmosfera dos jogos e a segurança dos torcedores.
O ressurgimento desse fenômeno traz à tona os prós e contras de conviver com esses grupos, cuja presença é encarada de formas distintas nas diversas regiões do país.
AS ESTRATÉGIAS NOS ESTADOS BRASILEIROS
Enquanto em estados como Pará as torcidas organizadas continuam dividindo as arquibancadas nos clássicos, como o tradicional Re-Pa entre Remo e Paysandu, preservando uma atmosfera mais próxima dos anos anteriores, em grandes centros como São Paulo e Minas Gerais vigora a política da torcida única.
No Rio de Janeiro, apesar das restrições, admite-se a presença reduzida de torcedores visitantes, numa tentativa de equilibrar o espetáculo e controlar possíveis conflitos.
RE-PA
No Pará, porém, a presença das duas torcidas é tida como essencial para a experiência do clássico. Contudo, a tensão entre esses grupos ainda desemboca em episódios lamentáveis.
Uma recente confusão no Mangueirão, após um confronto Re-Pa, gerou agressões entre integrantes das organizadas, culminando numa situação de constrangimento e violência que repercutiu nacionalmente.
Uma jovem torcedora do Paysandu teve sua blusa rasgada por membros da Remoçada, torcida do Remo, em agressão filmada que viralizou nas redes sociais e expôs o problema da violência ainda presente mesmo em locais onde a convivência entre torcidas é permitida.
“Uma confusão registrada após o clássico Re-Pa, terminou em violência e constrangimento no estacionamento do Estádio Mangueirão, em Belém. De acordo com testemunhas e vídeos que circulam nas redes sociais, um grupo de jovens da Remoçada agrediu uma torcedora do Paysandu. A vítima teve a blusa rasgada…”.
IMPACTOS DA POLÍTICA DE TORCIDA ÚNICA
Nos estados onde a torcida única é adotada, como São Paulo e Minas Gerais, por exemplo, a intenção é mitigar confrontos violentos, embora não elimine completamente os riscos.
Essa política, no entanto, divide opiniões. Alguns especialistas e torcedores argumentam que isso prejudica o espetáculo, retirando a rivalidade e a emoção genuína das arquibancadas, enquanto críticos apontam que é uma medida necessária para preservar a segurança do público.
PAPEL CULTURAL
O especialista em segurança esportiva André Caramante destaca que “as torcidas têm um papel cultural importante, porém precisam ser geridas com equilíbrio. A proibição ou a segregação total não resolve o problema da violência, mas melhora o controle operacional”.
Segundo ele, as torcidas têm um papel cultural importante, porém precisam ser geridas com equilíbrio. A proibição ou a segregação total não resolve o problema da violência, mas melhora o controle operacional”.
HISTÓRIAS TRÁGICAS DE VIOLÊNCIA
Infelizmente, o histórico das torcidas organizadas no Brasil é marcado por episódios graves de conflito que resultaram em feridos e mortes. Casos notórios como a tragédia no Estádio Fonte Nova em Salvador (2001), onde confrontos em um clássico resultaram em mortes, chocam até hoje a memória do futebol nacional.
Também no Rio de Janeiro, episódios envolvendo as torcidas organizadas do Flamengo e Fluminense já deixaram vítimas e continuam sendo alvo de investigação e debates sobre segurança.
QUESTÃO SOCIAL
O comentarista esportivo Marcos Ribeiro lembra que “a violência nas torcidas não é só um problema de ambiente, é uma questão social mais ampla, com reflexos nas dinâmicas de poder e exclusão que vivem alguns grupos da sociedade”.
A violência nas torcidas não é só um problema de ambiente, é uma questão social mais ampla, com reflexos nas dinâmicas de poder e exclusão que vivem alguns grupos da sociedade”.
O FUTURO DAS ORGANIZADAS
Por um lado, o fortalecimento das torcidas organizadas pode trazer novamente a valorização da cultura do torcedor, aumentando a identidade dos clubes e o clima vibrante nos estádios.
Entretanto, o desafio de controlar a violência e evitar que grupos problemáticos se aproveitem da estrutura das organizadas é constante. O policial Carlos Nunes, responsável pela segurança em eventos esportivos, ressalta:
“A principal luta é identificar e impedir a ação de pequenos grupos que usam a torcida para fins violentos, não a torcida em si. A maioria dos torcedores quer apenas apoiar seu time com alegria e respeito”.






























