Quem investe e quem sobrevive na Série A

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Campeonato Brasileiro
Imagem: Divulgação

Dinheiro em Campo: Quem Pode Mais na Série A?

“Se você tem dinheiro, você briga por títulos. Se não tem, briga pra não cair.” — frase de um dirigente anônimo que resume o dilema da elite do futebol brasileiro.

Nada mais cheio de contrastes que a Série A do Brasileirão-25. Afinal, enquanto alguns clubes gastam milhões em reforços, infraestrutura e profissionais gabaritados, outros têm de lutar para pagar os salários ou simplesmente sobreviver. O desnível, é claro, afeta diretamente a competitividade e limita o número de clubes com chances de sonhar alto.

Um levantamento da consultoria Sports Value detectou que a diferença entre o clube mais rico e o mais pobre da Série A ultrapassa a marca de R$ 700 milhões por temporada. Os números mais atualizados da CBF revelam que Palmeiras, Flamengo e Atlético (MG) concentram cerca de 40% da receita total da Série A. Por outro lado, equipes como Juventude, Cuiabá e Criciúma têm orçamentos até dez vezes menores.

O fato é determinante para entender as campanhas, os elencos e mesmo os estilos de jogo de cada equipe no campeonato.

Estatísticas Econômicas (temporada 2024)

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Fonte: Relatórios financeiros dos clubes (2024), UOL Esporte, Valor Econômico

Os números ilustram a desigualdade estrutural entre os clubes da elite do futebol nacional. Enquanto uns sonham com Libertadores e Mundial, outros se agarram a metas muito mais modestas, tais como escapar do rebaixamento ou pelo meno chegar às oitavas da Copa do Brasil.

Clubes que lutam pela sobrevivência: crise e contenção de gastos

Na outra ponta, vários clubes da Série A operam com orçamentos bastante reduzidos, apostando na base, alguns empréstimos e criatividade na montagem dos elencos.

Menores orçamentos da Série A em 2024 (estimativas):

Clubes menores

Muitos desses clubes enfrentam dificuldades para manter os jogadores que se destacam, pois logo são assediados pelos gigantes. O foco está na permanência na Série A, e qualquer classificação para competições internacionais é considerada bônus.

“Nosso objetivo é fazer 45 pontos. Qualquer coisa além disso é sonho.” — Presidente do Juventude, em entrevista ao UOL Esporte

Desempenho esportivo: dinheiro garante título?

Nem sempre. Embora o investimento pesado aumente as possibilidades de sucesso, o futebol brasileiro já viu clubes com grandes orçamentos fracassarem e os modestos surpreenderem.

Comparativo de desempenho (2023):

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Na temporada de 2023 o Palmeiras confirmou o favoritismo com mais uma taça do Brasileirão, mas o Flamengo, com o maior orçamento, teve uma temporada instável. O Fortaleza, com um orçamento bem mais modesto, chegou longe na Sul-Americana e manteve regularidade no Brasileirão.

“A diferença financeira existe, mas com trabalho, projeto e convicção é possível competir.” — Juan Pablo Vojvoda, técnico do Fortaleza

Modelos de gestão: SAF, associações e o papel do planejamento

A adoção do modelo de Sociedade Anônima do Futebol (SAF) tem mudado muito o panorama de muitos clubes. Exemplos como o Botafogo e o Cruzeiro mostram os dois lados da moeda: a entrada de capital externo pode reestruturar o clube — ou causar instabilidade, se não for bem gerida.

Exemplos de SAFs e seus modelos de gestão (atualizado 2025)

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A boa gestão também se reflete na captação de talentos e nas divisões de base. Palmeiras e Athletico-PR são exemplos de clubes que, mesmo como associações, mantêm finanças equilibradas e resultados consistentes.

“A SAF é um instrumento, não uma salvação mágica. Planejamento e governança continuam sendo o que diferencia sucesso e fracasso.” — Rodrigo Capelo, jornalista especializado em finanças no futebol

O futuro do Brasileirão: concentração ou equilíbrio?

Com os clubes mais ricos aumentando suas receitas ano após ano — por meio de direitos de TV, patrocínios milionários e vendas internacionais de jogadores — a tendência é de uma concentração ainda maior no topo da tabela.

Entretanto, o futebol brasileiro continua a gerar surpresas. Projetos bem executados em clubes de médio porte (como Fortaleza ou Athletico-PR no passado) mostram que é possível disputar com os gigantes, desde que exista uma estrutura sólida, investimento na base e continuidade no comando técnico.

Além disso, o avanço das SAFs — com novas regras e maior transparência exigida — deverá transformar o cenário nacional nos próximos anos. A entrada de fundos estrangeiros abre novas possibilidades, por outro lado exige cautela e responsabilidade de gestores e torcedores.

Perspectivas:

  • Palmeiras, Flamengo e Atlético-MG devem seguir disputando títulos com folga orçamentária.
  • Botafogo em constante crescimento após virada SAF sob o comando de John Textor.
  • Fortaleza, Athletico-PR e Cuiabá se firmam como exemplos de clubes bem geridos, mesmo com recursos menores.

Clubes recém-promovidos e os de base fraca ainda sofrem muito e sonham comente em permanecer na elite.

“A desigualdade no futebol é um fato. Mas o talento, a torcida e a boa gestão ainda fazem milagres.” — Tostão, ex-jogador e colunista da Folha