
No último dia 26 a CBF anunciou que tenciona implementar no Campeonato Brasileiro da Série A, já a partir do próximo ano, o sistema de impedimento semiautomático.
A nova tecnologia promete transformar o VAR nacional, automatizando a detecção de impedimentos e proporcionando decisões mais rápidas e precisas. Com isso, espera-se diminuir os motivos de polêmica na arbitragem no País.
COMO FUNCIONA
Baseado em modelo já usado com sucesso em competições de alto nível, o sistema utiliza cerca de 12 câmeras ao redor do gramado e um sensor instalado na bola.
A partir desses dados, um software de visão computacional e inteligência artificial reconstrói o lance em 3D, apontando com precisão milimétrica se o jogador atacante estava em posição irregular no momento do passe
Ao identificar um possível impedimento, o sistema envia um alerta instantâneo ao VAR, que valida o lance com base na reconstrução, exibida em transmissão gráfica de alta resolução.
Em competições com impedimento semiautomático, o tempo médio de checagem é quase a metade do que se gasta com o VAR manual. Essa agilidade contribui para manter o ritmo da partida, aproximando a experiência do que foi visto na Copa do Mundo de 2022 e em ligas europeias
BENEFÍCIOS ESPERADOS
Espera-se que a precisão milimétrica reduza erros que geram discussões calorosas nas redes sociais e entre torcedores. “Vai ser uma grande final e queremos um jogo limpo…”, comentou Sérgio Coelho, presidente do Atlético‑MG, em declaração pedindo a tecnologia nas finais da Copa do Brasil
Na visão da CBF e de clubes como Flamengo e Palmeiras, o novo sistema eleva a credibilidade do Brasileirão, atraindo investidores e premium sponsors (patrocinadores máster), além de melhorar a competitividade.
Também se enfatiza a melhora na fluidez dos jogos: em torneios com a tecnologia, foram registrados cerca de 60 minutos de bola rolando por partida, contra 55 minutos com VAR “tradicional”.
ESTRUTURA
A CBF estima um investimento de R$ 100 mil por partida, valor que cobre a instalação de câmeras, um chip na bola, integração e processamento. Em comparação, o VAR convencional custa cerca de R$ 20 mil por jogo.
Já o sistema usado nas finais do Paulistão, em março, teve um investimento total de R$ 1 milhão
Além do custo, há o desafio da infraestrutura: estádios menores, como o “Nabizão” (Red Bull Bragantino) e São Januário (Vasco), podem ter limitações no número de câmeras, teto ou espaço de transmissão, dificultando a padronização em toda a Série A.
Ainda assim, Wilson Seneme, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, defende a tecnologia. “A gente está levantando a possibilidade de utilizar. Tirar da mão do humano”, declarou ele, apontando a automação como um caminho para evitar falhas que ainda acontecem, embora a linha do VAR tradicional tenha sido certificada pela Fifa.
REAÇÕES
Treinadores e dirigentes em sua maioria apoiam a introdução. Samir Xaud, recém‑eleito presidente da CBF, é um entusiasta: “a confederação estima que serão necessários entre 4 e 6 meses para implementação completa do sistema”, .
Já Anderson Daronco, árbitro internacional convidado pela CBF para conduzir treinamentos, ressaltou a importância do projeto: “essas ações refletem diretamente na qualidade do produto futebol brasileiro”.
Entretanto, críticas não faltam. Alguns árbitros locais manifestam preocupação com possíveis falhas técnicas, exigência de testes rigorosos e o risco de subutilização em estádios com infraestrutura limitada.
Torcedores, por sua vez, expressam ceticismo em redes sociais: uns questionam se a precisão milimétrica não exagera em situações que deveriam ser decididas por interpretação humana; outros elogiam a transparência e transparência objetiva da linha automática.
NO EXTERIOR
Inglaterra, Itália e Espanha já utilizam o sistema com sucesso. A Premier League e La Liga, por exemplo, relataram um aumento no nível técnico das arbitragens e redução de contestações após os testes iniciais.
A Champions League e as principais ligas continentais reconhecem a tecnologia como padrão de arbitragem de elite.
LABORATÓRIO
No Brasil, a fase inicial ocorreu no Paulistão 2025, que serviu como um laboratório. A próxima etapa envolve testes pontuais – rodadas iniciais ou amistosos – durante o primeiro trimestre de 2026. Em seguida ocorrerá a capacitação intensiva de 64 árbitros em centros de excelência no Rio de Janeiro.
A expectativa é que tecnologia e treinamento elevem o padrão do Brasileirão, reduzam erros e tornem as partidas mais justas e céleres. A promessa, agora, é de um futebol moderno — e menos passível de discussão.