América do Norte: a nova ‘casa’ do futebol. O caso Inter Miami e o Mundial de Clubes

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Messi e Inter Miami
Foto: Site do Inter Miami

Com a disputa do Mundial de Clubes da Fifa deste ano a América do Norte, em especial os Estados Unidos, torna-se um protagonista no futebol mundial. O emblemático bom desempenho do Inter Miami, de Lionel Messi e Suárez, reforçam esse protagonismo.

A edição do torneio em 2025 tem um novo formato, com 32 equipes e 12 sedes. Trata-se de um avanço para o continente que, no ano que vem, com a próxima Copa do Mundo, terá novos e grandes desdobramentos.

INTER MIAMI: UM SÍMBOLO DA ASCENSÃO AMERICANA

Cofundado pelo craque inglês David Beckham, o Inter Miami qualificou-se como um representante do país-sede depois de conquistar o Supporter’s SHield da MLS em 2024. A participação do clube foi definida pelo critério técnico.

Em  seu elenco estão estrelas como Lionel Messi, Sergio Busquets e Luís Suárez, um verdadeiro “dream team” desembarcado na Flórida. É óbvio que o sucesso seria uma questão de tempo e ele veio.

“A FIFA sabe o impacto que o futebol tem em Miami e nos EUA. O Inter Miami mostrou que é o melhor time em campo, por isso está no Mundial de Clubes”, declarou Gianni Infantino, presidente da FIFA, durante o anúncio da participação em outubro do ano passado.

APOIO DA TORCIDA

O jogo de abertura do Mundial, em 14 de junho de 2025 no Hard Rock Stadium, foi disputado contra o egípcio Al-Ahly e terminou empatado em 0 x 0, com a presença de mais de 60 mil torcedores O apoio maciço da torcida reforçou, desde o início, o ambiente festivo criado em solo norte-americano.

Na segunda rodada um êxtase para os torcedores: afinal o Inter Miami encarou o tradicional Porto e brilhou muito. O time norte-americano venceu por 2 x 1, com um golaço de falta do gênio Lionel Messi.

Em entrevista pós-jogo o técnico do Inter Miami, Javier Mascherano, elogiou: “Messi mostra um desejo competitivo incansável. Ele inspira o time e nos comandou na vitória sobre um grande adversário”.

O triunfo ocorrido em Atlanta também foi um ponto positiva do torneio, que esportivamente sinaliza a validação do futebol norte-americano no palco global.

AMÉRICA DO NORTE EM POSIÇÃO ESTRATÉGICA NO FUTEBOL

O torneio de 2025 estabeleceu um painel local e internacional para o futebol: os EUA foram palco de partidas disputadas por clubes como Bayern de Munique, Boca Juniors e PSG, fortalecendo o argumento de que o país é a “nova casa” do futebol. A escolha de estádios renomados, como Hard Rock em Miami e MetLife em Nova Jersey (caso da final), reforça essa estratégia.

O evento serve como um ótimo ensaio para a Copa do Mundo de 2026, que será sediada em conjunto por EUA, México e Canadá. A FIFA busca mostrar capacidade organizacional e realçar o crescimento do futebol na região, capitalizando o apelo de estrelas como Messi e os investimentos recentes em infraestrutura.

INVESTIMENTO

Manolo Zubiria, diretor da FIFA para o torneio, destacou a relevância de sediar edições consecutivas de competições de grande porte em solo americano, afirmando à imprensa que houve forte investimento em segurança e organização após episódios anteriores na Copa América.

O panorama econômico também é interessante, pois estimativas indicam que o Mundial movimentou mais de US$ 2 bilhões em infraestrutura, turismo e ativação de marcas, embora os detalhes exatos ainda não tenham sido divulgados oficialmente. A venda de 1,5 milhão de ingressos e o engajamento em regiões como Sul da Flórida e Atlântida reafirmam o acerto da aposta americana.

CRÍTICAS E TENSÃO ENTRE A ESSÊNCIA DO FUTEBOL E O ESPETÁCULO

Porém nem tudo é brilho: veículos europeus como o jornal inglês The Guardian criticaram a evolução mercadológica do futebol, que, segundo apontam, estaria sacrificando os valores coletivos da modalidade em favor da celebridade individual. A inserção de Messi, o destaque midiático e o empenho em lotar estádios justificam esse argumento: o espetáculo parece guiar tanto quanto o resultado.

LEGADO

Para o Inter Miami o Mundial de Clubes é muito mais que o campo de futebol. David Beckham já revelou o progresso da construção do Miami Freedom Park, um estádio que terá capacidade para 25 mil pessoas, previsto para ser inaugurado em 2026 e que será a casa oficial do clube. A expectativa é de que Messi mais uma vez seja protagonista na inauguração.

Enquanto isso, o clube equilibra a busca por glória continental (na MLS Cup e na Concacaf Champions Cup) com ambição global. Discrepâncias regulatórias, – como o fato de sua convocação ao Mundial não ter seguido o critério da MLS Cup, ainda provocam debates, mas não apagam o fato: a América do Norte vive um momento de consolidação no futebol internacional.

CONCLUSÃO

O Mundial de Clubes nos EUA, com o Inter Miami em destaque, simboliza uma virada de página, pois a América do Norte assume-se como terreno fértil e estratégico no futebol global. O legado esportivo e cultural está sendo forjado com megastars, estádios modernos, cifras robustas e um público ávido por espetáculo. Aparentemente, a região está de fato construindo mais do que uma casa, mas um novo lar para o futebol mundial.