Com Flamengo atropelado pelo Bayern, imprensa tem choque de realidade: ‘não deu nem para a saída’

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Flamengo
Imagem: Divulgação

No último domingo, o Flamengo protagonizou um confronto que, para muitos de seus torcedores e sobretudo para a imprensa carioca, parecia ser a chance de “mostrar ao mundo a força do futebol brasileiro”. O adversário? Ninguém menos que o Bayern de Munique, campeão alemão e uma das potências mais sólidas da Europa.

Cantado “em vento e prosa” por significativa parte dos jornalistas cariocas, que costumam esquecer que há outros clubes grande e de tradição no Estado do Rio de Janeiro, os inegáveis fãs do rubro negro na mídia carioca esperavam uma exibição de gala de seus pupilos.

O que se viu em campo pelas oitavas de final do Mundial de Clubes, no entanto, foi um atropelo para os alemães, com uma atuação implacável que deixou os rubro-negros atônitos e expôs, de forma dura, o abismo técnico entre os dois clubes. Os bávaros venceram por 4 x 2 com relativa facilidade em Miami.

ATROPELO COMEÇA CEDO

No entanto, bastaram poucos minutos para o Bayern abrir dois gols de vantagem, controlar a partida com facilidade e selar o resultado ainda no início do segundo tempo.

Mais do que uma derrota humilhante, o jogo escancarou um comportamento recorrente da imprensa esportiva do Rio de Janeiro: a tendência de superestimar o Flamengo, tratando o clube como uma espécie de “seleção brasileira informal”, mesmo quando os fatos em campo mostram outra realidade.

Durante os dias que antecederam a partida, comentaristas exaltaram a qualidade do elenco rubro-negro, comparando peças como Arrascaeta e Pedro a estrelas internacionais. As manchetes falavam em “choque de titãs”, “revanche do futebol brasileiro” e até “favoritismo leve para o Flamengo”.

Mas, como destacou o jornalista Mauro Cezar Pereira, conhecido por sua postura crítica à bajulação excessiva:

“A imprensa carioca vive uma espécie de bolha em torno do Flamengo. Transformam um bom time brasileiro em uma potência mundial sem base nenhuma na realidade. O Bayern jogou sério por 60 minutos e acabou com o jogo. Foi um choque necessário.”

ROSSI EVITA O PIOR

E foi exatamente isso que se viu. O Bayern, mesmo sem estar em ritmo de competição oficial, tratou o jogo com profissionalismo, marcando alto, explorando a fragilidade defensiva do Flamengo e impondo um futebol coletivo muito superior.

O meio-campo rubro-negro foi anulado com facilidade, enquanto a defesa sofreu com a velocidade e a precisão dos alemães. Se não fosse por algumas defesas de Rossi e um ou outro erro de pontaria do ataque bávaro, o placar poderia ter sido ainda mais elástico.

PÓS-JOGO

A cobertura pós-jogo da mídia carioca, em contraste com a empolgação prévia, foi marcada por um silêncio constrangido e tentativas de relativizar a derrota.

Em uma transmissão ao vivo, o narrador Luiz Penido afirmou que “o Flamengo foi valente” e que “a diferença está no investimento europeu”. Mas poucos dentro do próprio jornalismo esportivo aceitaram essa tentativa de suavização.

A comentarista Renata Mendonça, da ESPN, foi categórica:

“Não dá mais para vender ao torcedor a ilusão de que o Flamengo é comparável aos grandes da Europa. Ele é gigante no Brasil, sim. Mas isso não o torna automaticamente capaz de encarar clubes como o Bayern. E a imprensa precisa parar de alimentar essa fantasia”.

ALERTA

O episódio serviu de alerta, não apenas ao clube, que agora terá de lidar com o baque psicológico e a pressão de um calendário doméstico intenso, mas principalmente aos veículos de comunicação que insistem em um jornalismo que mais parece propaganda institucional de cum clube.

Exageros como “melhor elenco do continente” e “nível europeu” já se mostraram vazios no passado, e agora ganharam um novo atestado de irrealidade.

CONCLUSÃO

Por fim, é preciso destacar que a paixão por um clube –  seja da torcida ou até mesmo de parte da imprensa – não pode se sobrepor ao compromisso com a análise crítica e honesta.

O Flamengo é, sem dúvida, uma das maiores potências do Brasil. Mas enquanto for tratado como algo que não é, estará mais perto de vexames do que de conquistas internacionais.