Flamengo x PSG: a estratégia rubro negra para repetir o feito do Botafogo

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Filipe Luis
Filipe Luis (foto: Foto: Alexandre Vidal / Flamengo)

O Flamengo chega à final da Copa Intercontinental da Fifa, no Catar, exatamente como se previa no roteiro traçado desde o sorteio: depois de superar o Cruz Azul, do México, nas quartas de final, e o egípcio Pyramids, do Egito, na fase seguinte, o clube carioca confirmou o duelo mais aguardado do torneio.

Do outro lado, na decisão, estará o poderoso Paris Saint-Germain, adversário apontado como franco favorito nas bolsas de apostas e comandado por um técnico acostumado a decisões, Luis Enrique.

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JEJUM SUL-AMERICANO

O cenário, no entanto, não é totalmente desfavorável ao rubro-negro. A história recente mostra que, embora os europeus tenham elencos mais valiosos e profundos, nem sempre encaram competições intercontinentais com o mesmo grau de obsessão dos sul-americanos. 

Ainda assim, o jejum de nosso continente tem pesado: desde 2012, quando o Corinthians venceu o Chelsea, nenhum clube da América do Sul ergueu o troféu.

A LIÇÃO RECENTE DO BOTAFOGO

O Flamengo se apega ao exemplo mais fresco de superação. No meio do ano, durante o primeiro Mundial Interclubes da Fifa, disputado nos Estados Unidos, o Botafogo – então campeão da Libertadores e do Campeonato Brasileiro – derrubou o gigante e bateu o PSG por 1 x 0. 

O gol foi marcado pelo centroavante Igor Jesus, hoje no Nottingham Forest, em uma partida marcada pela disciplina tática e eficiência máxima do time brasileiro.

O feito alvinegro mudou a forma como os clubes europeus enxergam confrontos desse tipo. Para o comentarista Mauro Cezar Pereira, o impacto foi imediato. 

“O jogo do Botafogo serviu como alerta. O PSG percebeu que não basta talento individual; sem intensidade e foco, qualquer descuido pode ser fatal contra um sul-americano”, analisou o jornalista.

UM PSG MAIS ATENTO E COM FORÇA MÁXIMA

Diferentemente de edições passadas da antiga Copa Intercontinental, quando clubes do chamado Velho Mundo poupavam titulares ou demonstravam certo desinteresse, a tendência é que o PSG entre em campo com sua força máxima. Internamente, o torneio passou a ser tratado como prioridade esportiva e institucional.

O técnico Luis Enrique deixou claro que não pretende subestimar o adversário. “O Flamengo é um clube com história, torcida e jogadores de altíssimo nível. Em uma final, não existe margem para relaxamento. Se quisermos o título, teremos de jogar no nosso máximo”.

A provável escalação parisiense deve contar com seus principais astros, reforçando a ideia de que o PSG quer evitar qualquer surpresa semelhante à sofrida diante do Botafogo.

O CAMINHO TÁTICO PARA O FLAMENGO

Para sonhar com o título, o Flamengo terá de apresentar uma atuação próxima da perfeição.

Afinal, o primeiro ponto será uma sólida organização defensiva e a redução dos espaços entre linhas, evitando que o PSG imponha sua velocidade no jogo de transição. 

A experiência recente mostrou que times sul-americanos competitivos conseguem equilibrar o duelo quando neutralizam o jogo interior dos europeus.

O técnico Filipe Luís, que vive momento especial em sua ainda curta carreira à beira do campo, reconhece o tamanho do desafio, mas aposta na mentalidade do grupo. 

“Sabemos que enfrentaremos um adversário poderoso, mas final se joga com coragem, inteligência e entrega. O Flamengo tem tudo isso”, afirmou o treinador rubro-negro.

EFICIÊNCIA, NÃO POSSE DE BOLA

Outro fator determinante será a eficiência ofensiva. Contra adversários como o PSG, dificilmente haverá grande volume de chances. Por isso, cada oportunidade precisa ser tratada como ouro. 

Finalizações rápidas, bolas paradas bem trabalhadas e transições bem executadas podem ser decisivas. Um dos líderes do elenco, o meia Arrascaeta destacou justamente esse ponto.

“Em jogos assim, não dá para desperdiçar. Às vezes você chega duas ou três vezes e precisa marcar. Foi assim que o Botafogo venceu e é uma lição para todos nós”, declarou o uruguaio.

CAMISA E TORCIDA

Mesmo jogando em campo neutro, o Flamengo contará com um fator simbólico importante: sua torcida. A expectativa é de grande presença de rubro-negros no Catar, transformando parte do estádio em extensão do Maracanã. Historicamente, esse apoio emocional costuma fazer diferença em decisões internacionais.

Além disso, o clube carrega uma camisa pesada, acostumada a decisões continentais e intercontinentais. Em confrontos únicos, esse aspecto psicológico pode equilibrar diferenças técnicas e financeiras.

CONCLUSÃO

O favoritismo do PSG é inegável, assim como sua superioridade econômica e a profundidade do elenco. No entanto, o futebol segue oferecendo exemplos de que planejamento, leitura de jogo e comprometimento coletivo podem desafiar previsões.

Para repetir o feito do Botafogo e quebrar o jejum sul-americano que dura mais de uma década, o Flamengo precisará unir estratégia, eficiência e personalidade.