Intercontinental da Fifa: clubes europeus desprezam o torneio?

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troféu intercontinental
Foto: Fifa

O Flamengo, tetracampeão da Copa Libertadores 2025 após vitória por 1 x 0 sobre o Palmeiras na final em Lima, no Peru, inicia sua participação na Copa Intercontinental da FIFA nesta quarta-feira, 10 de dezembro, às 14 horas (horário de Brasília). 

O confronto contra o Cruz Azul, do México, campeão da Concacaf Champions Cup, ocorrerá no Estádio Ahmad bin Ali, em Al-Rayyan, no Catar, valendo o “Derbi das Américas” nas quartas de final.

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Como um dos favoritos ao título, os rubro-negros cariocas sonham com a final contra o Paris Saint-Germain, campeão da UEFA Champions League 2025, que goleou a Inter de Milão por 5 x 0 na decisão.​

REFORMULADO

O torneio, reformulado pela FIFA, reúne os melhores de cada confederação em mata-mata eliminatório no Oriente Médio, com o vencedor levando o troféu de melhor clube do mundo.

Para o time brasileiro, a conquista representa a chance de repetir glórias como a de 1981 e coroar uma temporada vitoriosa, mesmo com desgaste do Brasileirão. Já o Cruz Azul chega motivado, mas canais mexicanos como a TV Azteca destacam a “vantagem abismal” do Flamengo, com menos jogos em 2025 (54 contra 76 do rival).​

SUL-AMERICANOS X EUROPEUS: DIFERENTES PRIORIDADES

Comentaristas brasileiros e sul-americanos veem o Intercontinental como o ápice do ano, um título que transcende fronteiras e une torcidas em êxtase. No Brasil, o Mundial de Clubes sempre mobilizou nações inteiras, com recalls históricos de 1981 e 2019 ainda ecoando nas arquibancadas do Maracanã. 

Em contraste, clubes europeus historicamente tratam a competição com menor fervor, priorizando a Champions League como o verdadeiro píncaro do futebol global.​

MOTIVOS

Os europeus dão menos importância ao Intercontinental em comparação aos sul-americanos, e isso é confirmado por declarações reais ao longo das décadas. Os motivos principais incluem o calendário exaustivo, com ligas nacionais, copas domésticas e a própria Champions consumindo energias, além de premiações menores que não justificam o risco de lesões em dezembro. 

“Vi um pouco do jogo entre Chelsea e LAFC, e pareceu um amistoso de verão. Não tem importância técnica”, disparou Javier Tebas, presidente da La Liga, criticando o impacto no ecossistema europeu.​

DESEQULÍBRIO

Outro fator é a percepção de desequilíbrio: europeus dominam elencos com estrelas sul-americanas, asiáticas e africanas, vendo o torneio como extensão da Champions. 

Após vencer a Intercontinental de 1976 pelo Bayern de Munique, o técnico Dettmar Cramer afirmou que “um amistoso teria financeiramente valido mais a pena”, pois o público europeu mostrava pouco interesse. 

Em 1972, o jornal holandês De Telegraaf, sobre a vitória do Ajax no Intercontinental, publicou que a disputa “não foi mais difícil que um encontro banal pela Copa da Europa”.

DECLARAÇÕES QUE REVELAM A DIFERENÇA

Niko Kovac, técnico do Borussia Dortmund, foi sincero sobre a disparidade: “Os europeus preferem criticar o Mundial. Os sul-americanos ficam malucos com ele“.

Marquinhos, zagueiro brasileiro do PSG, reconheceu a força brasileira, mas alertou: “São dois grandes times, têm capacidade de enfrentar europeus de igual para igual, mas o futebol é dinâmico, equilibrado. Temos que respeitar”.​

Luis Enrique, treinador do PSG, destacou o foco europeu: “No papel, as equipes europeias são as a serem batidas. Se os jogadores sul-americanos estivessem no Brasil ou Argentina, teriam mais chances, mas nós temos os melhores da África, Américas e Ásia”

FLAMENGO, FAVORITO À GLÓRIA MUNDIAL?

Com Arrascaeta eleito melhor jogador da Libertadores e Danilo marcando o gol do tetra, o Flamengo chega ao Catar como potência sul-americana. A torcida rubro-negra está cheia de expectativas com uma possível final contra o PSG de Dembélé, Vitinha e cia., mas o primeiro teste é o Cruz Azul de Nicolás Larcamón.

CONCLUSÃO

O embate reforça o debate eterno: enquanto brasileiros param o País por um Mundial, europeus o encaram como bônus financeiro em meio a um calendário saturado. Para o Flamengo, porém, é questão de honra continental. Vitória sobre os mexicanos abre portas para eternizar o ano de 2025 como inesquecível na Gávea.