
Uma ousada aposta da Fifa para o mundo de futebol, a nova Copa do Mundo de Clubes que está sendo realizada nos Estados Unidos poderá transformar o esporte em todo o planeta. O evento tem potencial para inflacionar os valores de jovens talentos e abrir mercados alternativos na modalidade.
Com 32 equipes, incluindo gigantes como Real Madrid, Manchester City e PSG, o modelo da competição é similar ao da Copa do Mundo de seleções.
O evento nos Estados Unidos deverá ser um divisor de águas, tanto esportiva quanto economicamente. Abaixo analisamos o legado que será deixado pelo torneio.
NOVA JANELA E DISPUTAS MILIONÁRIAS
Por conta do Mundial de 2025, foi aberta uma janela extra de transferências para negociações. Há mais visibilidade internacional para os clubes, mas segundo alguns especialistas os valores dos atletas podem ser muito inflacionados.
Os calendários das competições nacionais precisarão ser sempre ajustados e em alguns casos os jogadores terão menos tempo de férias após acirradas disputas nas ligas de seus países, além é claro de torneios continentais como a Champions League ou a Libertadores.
UM NOVO MERCADO
Consolidar seu domínio também sobre os clubes, e não mais limitar-se às competições envolvendo seleções, é uma grande estratégia da Fifa com a organização do evento nos Estados Unidos.
Tal iniciativa, segundo alguns, seria uma maneira de responder ao grande crescimento de competições como a premier League inglesa, por exemplo, ou La Liga na Espanha, que podem eclipsar até mesmo a tradicional Copa do Mundo a cada quatro anos.
Para o economista esportivo Pedro Xavier, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o torneio abre novas oportunidades comerciais bastante interessantes:
“A Fifa percebeu que os clubes têm um potencial de engajamento global muito maior do que as seleções em certos mercados. A competição pode se tornar uma vitrine internacional para marcas, atletas e ligas que buscam projeção fora do eixo Europa-América do Sul”, afirmou Pedro Xavier.
A competição que está sendo realizada nos Estados Unidos também pode ser muito útil para os próprios clubes que participarem, pois trata-se de uma vitrine internacional. “Um time asiático ou africano, por exemplo, que fizer uma boa campanha no novo mundial poderá atrair patrocínios, aumentar sua base de torcedores e até mesmo exportar atletas por valores bastante lucrativos”, salientou Helena Tanaka, do portal Global Sport Biz.
NOVAS OPORTUNIDADES E ATLETAS SOBREVALORIZADOS
Uma das consequências mais naturais do Mundial, segundo os analistas do mundo do futebol, é a valorização dos atletas que se destacarem durante o torneio da Fifa. Atuações de impacto podem levar os valores dos atletas a novos patamares.
“Basta um gol importante ou uma grande atuação para mudar completamente o patamar de um jogador. O mundo inteiro vai estar assistindo. Empresários e olheiros vão tratar o torneio como uma feita de talentos”, explicou Ricardo Barros, agente Fifa com atuação na América do Sul e na Europa.
A maior visibilidade, entretanto, tem um viés que não pode ser ignorado. Pode haver distorções no mercado, com jogadores apenas medianos que brilhem em alguns momentos tendo valores inflacionados de maneira desproporcional.
“Isso já foi observado em outras competições internacionais. É o chamado Efeito Vitrine, com clubes fazendo apostas altas baseadas apenas em um torneio curto. Isto pode significar negociações desastrosas”, alerta Ricardo Barros.
IMPACTO NO CALENDÁRIO
A Copa do Mundo de Clubes cria uma janela internacional atípica. O torneio acontece durante o verão no hemisfério norte, período já congestionado por pré-temporadas e competições envolvendo seleções nacionais.
Para os brasileiros, mais acostumados a um calendário anual e corrido, existe o desafio adicional de se adaptarem a calendários ainda mais exaustivos.
“Vai ser preciso fazer um novo planejamento de toda a temporada. Parar por quase um mês na disputa de um campeonato brasileiro não é algo simples. E, se o time for longe no torneio, os impactos serão enormes”, frisou Fernando Melo, ligado ao Atlético Mineiro.
Mesmo com esta dificuldade adicional, o dirigente do Galo acredita que os benefícios do evento podem compensar. “A visibilidade, os prêmios e os ganhos técnicos de enfrentar grandes equipes internacionais valem o esforço. É uma chance única de colocar o clube em outro patamar”, acredita Melo.
CONCLUSÃO
A nova Copa do Mundo da Fifa veio para ficar. Por isso, clubes de todo o mundo e entidades nacionais do futebol precisarão se adaptar. Afinal, o mapa do esporte será alterado de maneira significativa.
Os calendários terão de ser ajustados e será preciso um novo planejamento para que os efeitos positivos do novo tipo de evento possam ser aproveitados mesmo por quem não estiver na “lista do Olimpo” dos 32 que participarão do Mundial.