
O Brasileirão-25 de 2025 ficará marcado como um dos piores da história recente do futebol nordestino. Apesar de ter iniciado a temporada com cinco clubes representando a região — Bahia, Vitória, Sport, Ceará e Fortaleza — algo inédito desde 2006, o desfecho foi desolador: três dessas equipes foram rebaixadas para a Série B, deixando apenas dois clubes do Nordeste na elite no ano que vem.
Sport, Fortaleza e Ceará não conseguiram escapar da degola, enquanto o Vitória (BA) e o Bahia (BA) garantiram sua permanência, com o Tricolor de Aço conseguindo seu espaço na Libertadores de 2026, mas sem vaga direta na fase de grupos.
PREOCUPAÇÃO
O revés regional se torna ainda mais preocupante ao compararmos com o crescimento que o futebol nordestino vinha conquistando ao longo das últimas décadas.
O Nordeste passou a ter mais visibilidade nacional e internacional justamente por contar com clubes competitivos no Brasileiro, com campanhas consistentes até os últimos anos, inclusive com participações em torneios continentais. O ano 2025, porém foi marcado por um retrocesso no cenário nacional.
ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS CLUBES NORDESTINOS
OS REBAIXADOS
O Sport, tradicional clube pernambucano, foi um dos primeiros a confirmar sua queda, lutando a temporada inteira sem conseguir se afastar da lanterna. A trajetória do Leão da Ilha foi marcada por controvérsias técnicas e limitações de elenco que se refletiram em péssimos resultados.
Já Fortaleza e Ceará, clubes cearenses que por vezes demonstraram competitividade em anos anteriores, também não conseguiram segurar a pressão final e caíram com resultados negativos nas últimas rodadas, culminando em um quadro de frustração para torcedores e imprensa.
VITÓRIA: A SOBREVIVÊNCIA NO FIM
O Vitória, em Salvador, vivenciou uma verdadeira batalha pela sobrevivência. Em meio a um Campeonato Brasileiro acirrado, o time baiano teve que lutar até a última rodada para assegurar a permanência.
O triunfo por 1 x 0 sobre o São Paulo foi decisivo para o Leão da Barra garantir sua vaga na Série A de 2026, conquistando 45 pontos e escapando da degola.
Após a partida que confirmou a permanência, o técnico Jair Ventura — contratado no final de setembro com a missão de salvar o clube — comentou sobre sua perspectiva ao longo da temporada:
“Foi a quinta vez que assumo um time na zona de rebaixamento e a quinta vez que fico na Série A. Então estou feliz por ajudar. O mais importante é que o Vitória está na Série A.”
Ventura, experiente em campanhas de fuga do descenso, reforçou também a importância da base e da coesão da equipe para superar os momentos difíceis, lembrando que “nem sempre vencer grandes clubes é o foco — mas evitar a queda é, diante das adversidades enfrentadas por times com orçamento limitado em relação aos grandes do País.”
BAHIA: LUZ NO FIM DO TÚNEL
O Bahia terminou a temporada em 7º lugar no Brasileirão, e embora não tenha sido suficiente para assegurar vaga direta na fase de grupos da Copa Libertadores de 2026, o time garantiu a chance de disputar a fase preliminar da competição continental.
Apesar disso, a campanha deixou um sabor misto de satisfação e frustração. O técnico Rogério Ceni, em declarações após a última rodada, reconheceu que a equipe poderia ter alcançado mais se algumas lacunas tivessem sido melhor preenchidas durante a temporada:
“Não foi por hoje que a gente não se classificou. Infelizmente acontece. Precisamos de reforços, precisamos ser mais fortes, física e mentalmente. Tivemos oportunidades que não aproveitamos e isso nos custou uma vaga direta.”
Ceni também admitiu que a equipe apresentou falhas de concentração em momentos cruciais, especialmente fora de casa, o que isso influenciou diretamente a colocação final.
FATORES QUE EXPLICAM O ANO RUIM
DISPARIDADE ECONÔMICA
Um dos fatores mais citados por analistas e dirigentes é a diferença de investimento entre clubes nordestinos e seus rivais do Sudeste e Sul.
Afinal, Enquanto equipes como Palmeiras, Flamengo, Cruzeiro, entre outros contam com orçamentos robustos, amplos elencos e gestão profissionalizada, muitos clubes do Nordeste têm limitações de caixa, menos opções de contratações e dificuldades estruturais.
LESÕES
Ao longo do campeonato, lesões de jogadores-chave e a falta de profundidade no elenco expuseram ainda mais as fragilidades de Sport, Fortaleza e Ceará.
Em uma competição em que a regularidade é fundamental, perder peças importantes sem reposições à altura acaba sendo fatal.
PROBLEMAS TÁTICOS E MUDANÇAS DE COMANDO
Especialistas destacam que variações frequentes de comando técnico e falta de consistência tática ao longo do campeonato prejudicaram a performance geral dos nordestinos. Isso se reflete nas dificuldades de manter formações e estratégias consistentes.
CONCLUSÃO
O ano de 2025 será lembrado com tristeza por torcedores nordestinos. Três clubes tradicionais foram rebaixados, e mesmo os que escaparam – Bahia e Vitória – fizeram campanhas que poderiam ter sido bem superiores.
Se, por um lado, o Bahia conquistou uma vaga na pré-Libertadores sob o comando de Rogério Ceni, por outro a queda de Sport, Fortaleza e Ceará evidencia que a região ainda enfrenta muitos obstáculos para consolidar sua presença no futebol brasileiro.



















