
O futebol brasileiro encerra 2025 com a consolidação de projetos importantes, ao mesmo tempo em que alguns clubes, mesmo com investimentos milionários, renderam bem abaixo do esperado.
Foi uma temporada marcada por hegemonias, surpresas, frustrações e retornos históricos, em um campeonato nacional cada vez mais desigual financeiramente, porém ainda imprevisível dentro de campo.
FLAMENGO MANTÉM A HEGEMONIA
O grande protagonista do futebol brasileiro em 2025 foi, sem margem para discussão, o Flamengo. O clube confirmou sua condição de maior potência financeira e técnica do País ao conquistar títulos de peso: Supercopa do Brasil, Brasileirão e Copa Libertadores da América, além do Carioca deste ano.
A temporada quase perfeita apenas não foi coroada com a conquista da Copa Intercontinental da Fifa, quando o rubro-negro acabou derrotado pelo Paris Saint-Germain, em um duelo equilibrado e de alto nível técnico.
Para o comentarista Mauro Cezar Pereira, o Flamengo colheu o que vem plantando há anos.
“O Flamengo chegou a um estágio de maturidade institucional que o diferencia dos demais clubes brasileiros. Não se trata apenas de dinheiro, mas de planejamento, continuidade e capacidade de corrigir erros rapidamente”, analisou.
PALMEIRAS INVESTE MUITO, MAS ENTREGA POUCO
Se o Flamengo colheu frutos, o Palmeiras viveu o outro lado da moeda. Apesar de manter um elenco milionário e investir pesado em reforços, o desempenho ficou aquém das expectativas.
O Verdão perdeu a final do Paulistão para o Corinthians, deixando escapar o inédito tetracampeonato estadual, e também foi superado pelo Flamengo na final da Libertadores e na disputa do Brasileirão.
O técnico Abel Ferreira, sempre direto em suas análises, reconheceu o momento difícil. “Nem sempre investimento se traduz em rendimento imediato. Assumo minha responsabilidade, porque criamos expectativas altas, mas não fomos decisivos quando mais importava”, afirmou o treinador português após o vice-campeonato continental.
CRUZEIRO RETOMA PROTAGONISMO, MAS FALHA EM MOMENTOS-CHAVE
O Cruzeiro voltou a ocupar um lugar de destaque no futebol brasileiro em 2025. O clube mostrou organização, competitividade e evolução técnica, mas novamente esbarrou em decisões cruciais.
A Raposa foi eliminada pelo Corinthians na semifinal da Copa do Brasil e, no Campeonato Mineiro, viu mais uma vez o Atlético Mineiro erguer o troféu.
Apesar das frustrações, o discurso interno é de otimismo. Segundo o comentarista e ex-jogador Roger Flores, “o Cruzeiro deu um salto de qualidade evidente. Ainda falta casca em jogos decisivos, mas o caminho está bem desenhado para 2026”.
A diretoria celeste já se movimenta no mercado, reforçando a ideia de que o clube pode, enfim, voltar a brigar por títulos de maior expressão.
MIRASSOL ENCANTA EM CAPÍTULO HISTÓRICO
A maior surpresa positiva da temporada foi o Mirassol. Em seu ano de estreia na elite, o Leão Caipira, comandado pelo técnico Rafael Guanaes, terminou o Brasileirão na quarta colocação, garantindo vaga direta na fase de grupos da Libertadores.
A campanha foi marcada por atuações consistentes, futebol ofensivo e uma organização coletiva elogiada nacionalmente.
“O Mirassol mostrou que é possível competir na Série A com ideias claras, mesmo sem os mesmos recursos dos gigantes”, destacou o analista tático Eduardo Tironi.
O feito não apenas engrandece o clube, como também reacende a esperança de projetos bem estruturados fora dos grandes centros.
FLUMINENSE OSCILA, MAS TERMINA EM ALTA
O Fluminense viveu dois momentos distintos em 2025. Começou mal o Brasileirão, mas compensou parte das dificuldades com uma campanha relevante no Mundial de Clubes da Fifa, chegando à semifinal nos Estados Unidos.
Na segunda metade da temporada, já sob o comando de Luís Zubeldía, o time engrenou, apresentou bom futebol e garantiu vaga direta na fase de grupos da Libertadores.
O viés é claramente de alta, com um elenco ajustado e uma identidade de jogo mais definida.
BOTAFOGO APRENDE COM ERROS APÓS INÍCIO DESASTROSO
Campeão da Libertadores e do Brasileirão no ano passado, o Botafogo começou 2025 de forma irreconhecível. A demora na contratação de um técnico, a venda de atletas-chave e um planejamento falho custaram caro. O clube perdeu títulos importantes e ficou distante do protagonismo esperado.
O comentarista PVC foi incisivo: “O Botafogo pagou o preço do amadorismo em decisões estratégicas. Nenhum clube, por mais rico que seja, sobrevive sem planejamento”.
Ainda assim, o time reagiu no Brasileirão, engatou uma sequência invicta e garantiu vaga na pré-Libertadores. A chegada de Martín Anselmi e a busca por reforços indicam que a lição foi aprendida.
CORINTHIANS RESISTE AO CAOS E CONQUISTA TÍTULOS
Em meio a um impeachment presidencial, graves problemas financeiros e risco de rebaixamento, o Corinthians conseguiu sobreviver e, surpreendentemente, levantar dois troféus: o Campeonato Paulista, vencendo o Palmeiras, e a Copa do Brasil, superando o Vasco na final.
O próprio técnico corintiano, Dorival Júnior, resumiu o espírito do elenco ao longo do ano: “Foi um time que sofreu muito fora de campo, mas nunca deixou de competir”, afirmou.
O Vasco, por sua vez, voltou a flertar com o rebaixamento e ficou novamente sem o tão sonhado título, ampliando um jejum que já dura mais de uma década em competições de maior peso.
BAHIA, SÃO PAULO E SANTOS
São Paulo e Bahia tiveram campanhas medianas, com o Tricolor paulista longe de brigar por títulos e o clube baiano assegurando vaga na pré-Libertadores.
O Santos sofreu novamente para escapar da Série B, mas a permanência de Neymar para 2026 gera expectativa.
QUEDAS
O futebol cearense viveu um ano desastroso: o Fortaleza foi rebaixado, enquanto o Ceará retornou rapidamente à Série B.
O Vitória, por sua vez, conseguiu se salvar. Juventude e Sport decepcionaram, sendo o clube pernambucano o lanterna da competição.
RETORNOS
Na Série B, Coritiba e Athletico Paranaense brilharam e voltaram à elite. Mas o grande fato simbólico do ano foi o retorno do Clube do Remo à Série A após mais de 30 anos.
O Leão do Norte mobilizou milhares de torcedores e incendiou a Região Norte, em um dos capítulos mais emocionantes da temporada.



























