Um golpe telegrafado

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Botafogo rebaixado
foto: Reprodução TV

O que já era esperado aconteceu! Pela terceira vez na sua história, o Botafogo foi rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro. A primeira foi em 2002; a segunda em 2004, e a terceira ocorreu na última sexta-feira, ao perder para o Sport, por 1 a 0, no estádio Nilton Santos, o que torna o fato ainda mais dramático para o torcedor alvinegro, em jogo válido pela 34ª rodada da competição. Foi a queda mais precoce na Série A, desde 2006, quando a competição, por pontos, passou a ter 20 times. Tornou-se o campeão brasileiro rebaixado com mais rodadas de antecedência. Antes do time alvinegro de General Severiano, o campeão brasileiro que caiu para a Série B foi o próprio Sport, rebaixado, em 2009, na 35ª rodada.

Por uma dessas coincidências do destino, o treinador do Sport é Jair Ventura, que iniciou sua formação profissional no Botafogo, onde permaneceu por mais de dez anos. Primeiro como estagiário e depois como treinador

O time botafoguense, durante toda a competição, jamais apresentou um futebol que inspirasse confiança na sua torcida. Nenhum jogador conseguiu se firmar a ponto de virar ídolo, como por exemplo, entre outros, Maurício, que fez o gol do título de 1989, encerrando um jejum de 21 anos.

Algumas contratações foram, na verdade, um verdadeiro desastre.  É o caso do japonês Keisuke Honda, e do marfinense Salamon Kalou, que chegou com a expectativa de ser o grande astro ao lado de Honda. Infelizmente, decepcionaram. O clube contratou 25 jogadores, utilizou quase 60. E teve cinco técnicos.

A contratação do técnico Eduardo Barroca para, mais uma vez, dirigir o time, foi, digamos, inoportuna. O treinador não foi bem no Vitória. Deixou a equipe na zona do rebaixamento para a Série C. O treinador retornou ao clube em novembro do ano passado, um ano após ter sido demitido, em outubro em 2019. Barroca assumiu no lugar do argentino Ramón Diaz (conquistou uma Libertadores pelo River Plate e dirigiu a seleção do Paraguai) que, como diz o poeta, poderia ter sido, mas não foi, ou seja: Rámon foi contratado – juntamente com sua equipe – mas não chegou a assumir o comando do time, porque um dia após ser anunciado, viajou para o Paraguai, onde foi fazer um procedimento cirúrgico. O retorno estava previsto para o dia 7 de dezembro. Mas o Botafogo decidiu não esperar mais, pois a situação do time na tabela de classificação já era crítica. Com a equipe de Ramón no comando do time, com Emiliano Díaz, seu filho e auxiliar à beira do campo, foram três derrotas em três jogos.

De acordo com Emiliano, o Botafogo sabia da data prevista para o retorno do treinador, mas a diretoria do alvinegro garantiu que o esperava em uma ou duas semanas, e não somente no dia 7 de dezembro.

Já há alguns anos a infraestrutura administrativa do clube não funciona a contento. Incompetência total. Uma parte da torcida acusa o ex-presidente Carlos Alberto Montenegro de interferência negativa no projeto de transformar o clube numa sociedade anônima. Critica também Nelson Mufarrej – também ex-presidente – Ricardo Rotenberg, ex-presidente de marketing, e o atual presidente, Durcésio Mello – que parece completamente perdido diante de tantos problemas.

Na Série B, o Botafogo terá uma queda de receitas da TV próxima dos R$ 100 milhões. Com uma dívida na casa dos R$ 800 milhões, conviver com esta crise financeira não será uma tarefa nada fácil.

Um clube de tantas glórias e ídolos inesquecíveis, que mais jogadores cedia às seleções brasileiras, vítima da incompetência administrativa.

Gérson, o Canhotinha de Ouro, um dos maiores craques da história do nosso futebol e eterno ídolo alvinegro, prestou apoio à torcida botafoguense – via twitter – que, pela terceira vez, viu o clube ser rebaixado à Série B. “O passado não entra em campo, mas precisa ser respeitado pelos dirigentes e jogadores. Minha total solidariedade, apenas para a torcida botafoguense”.

O Botafogo ainda tem quatro rodadas no Campeonato Brasileiro.  Servirá apenas para cumprir tabela. Um final de campeonato melancólico.