A revolução que tem transformado o futebol nordestino

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Arena Fonte Nova lotada com a torcida do Bahia
Foto: Site do Esporte Clube Bahia

O futebol nordestino tem bons motivos para comemorar. Pela primeira vez cinco de seus representantes estão na Série A – Bahia, Ceará, Fortaleza, Sport e Vitória. E, apesar de três deles estarem em má situação na tabela do Brasileirão, o fato é que o esporte na região tem avançado de maneira consistente nos últimos anos.

Alguns analistas esportivos acreditam que pode não estar longe o momento de algum clube da região repetir os feitos já conquistados por Bahia e Sport e voltarem a conquistar algum torneio nacional ou, até mesmo, um continental como a Libertadores ou a Sul-Americana.

O momento administrativo vivido por alguns clubes como Bahia, Ceará e Fortaleza é de maior profissionalismo e expansão. As marcas têm crescido no ambiente corporativo e até uma SAF, a do Bahia, que faz parte do Grupo City, demonstra que os tempos são outros em terras nordestinas.

CRESCIMENTO ECONÔMICO DO NE E GESTÃO MODERNA

Um fato que certamente impacta o mundo do futebol é o da economia regional. O Nordeste cresceu 3,8% em 2024, superando a média nacional daquele ano, de 3,4%. Tal expansão também impulsionou o futebol, refletindo na consolidação do caminho para as SAFs.

O Bahia já é SAF, assim como o Fortaleza, que adotou um modelo diferente do seguido pelos baianos. Por outro lado, outros clubes da região como o Sport já estariam em fase de transição.

Um estudo do Ibesaf – Instituto Brasileiro de Estudos e desenvolvimento da Sociedade Anônima do Futebol – constatou a existência de 17 SAFs no futebol nordestino no ano passado. Algumas já operam em agremiações de menor porte, mas grande potencial econômico.

As receitas regionais confirmam a força da nova gestão. Os patrocínios dos cinco maiores clubes da região, os que estão na Série A, somam R$ 318 milhões, com o Bahia na liderança – R$ 80 milhões em contratos – seguido por Sport (R$ 72 milhões) e Fortaleza (R$ 60 milhões).

Algumas iniciativas entre estes clubes também chamam a atenção pela clara intenção de crescer muito no panorama brasileiro. Um exemplo é o Sport, que ampliou seu CT para 224 hectares. Com isto o rubro negro pernambucano está no top-10 do nacional em instalações do gênero.

SÉRIE A DE 2025 – MAIS PROTAGONISMO

O futebol nordestino, antes tão desprezado e meramente “marginal” no âmbito nacional, representa atualmente 25% do total de participantes da elite.  Marcelo Paz, CEO do Fortaleza, comenta a fase vivida pelos clubes da região.

“Este movimento é histórico, por causa do maior equilíbrio na competição em termos de logística. O fato também reforça a relevância das torcidas, com alguns clubes nordestinos tendo as maiores médias de público da Série A, superando alguns do Sudeste e do Sul do País”, lembra Paz.

O desempenho dentro das quatro linhas nos últimos anos é algo a ser comemorado. No ano passado tanto Fortaleza quanto Bahia conseguiram vagas na Libertadores.

O Leão cearense avançou na competição, enquanto o time de Salvador não conseguiu a classificação. O Vitória disputou a Sul-Americana, mas também não se classificou. Porém, existem perspectivas reais de novas presenças de clubes nordestino nos torneios internacionais.

SÉRIE B

O único clube do Nordeste na Série B deste ano é o CRB, de Alagoas. O Galo da Praia, entretanto, tem representado muito bem a região. Afinal, atualmente está na terceira posição e com chances reais de subir para a elite e disputar a principal divisão em 2026.

GESTÃO E INOVAÇÃO: O MOTOR DO SUCESSO

O fortalecimento institucional dos nordestinos é uma realidade. O Fortaleza é um exemplo marcante. Entre 2017 e 2023 o clube saltou de R$ 24 milhões parar$ 381,6 milhões em receita. O Leão teve um superávit de R$ 66 milhões.

O crescimento se deve a diversas fontes: TV, aumento no número de sócios, vendas de atletas, patrocínios e acordos como o feito com a Liga Forte União, que representou 31% da receita do tricolor.

No Vitória houve investimento substancial em tecnologia. Desde 2023 o rubro negro de salvador tem um sistema de atendimento via IA que funciona 24 horas, em parceria com a Somos Young.  O CEO do Esportes da Sorte, Ícaro Quinteiro, comenta:

“O Nordeste transpira futebol. Ver cinco clubes na Série A, na elite nacional em 2025 é um prêmio ao esforço…gestão fantástica”, destaca Quintero.

O QUE ESPERAR PARA OS PRÓXIMOS ANOS

– Mais receita e visibilidade: Patrocínios mais fortes, com interesse nacional e visibilidade internacional.

– Logística equilibrada: Voos mais longos por parte dos clubes do Sudeste. Inclusão nordestina a serviço do equilíbrio nacional.

– Exemplos de boa gestão: Clubes com governança profissionalizada atraem mais recursos, diminuem seus passivos e fortalecem sua infraestrutura.

– Base mais forte: Investimentos em CTs , tecnologia de ponta e mídia. A Região Nordeste aumenta sua capacidade para formar talentos para o futebol.