
No final da carreira nas quatro linhas muitos ídolos do seguem no esporte como comentaristas ou técnicos. Entretanto, existe o “Lado B” daqueles que optam por caminhos menos evidentes para um ex-jogador de futebol.
Em nossa reportagem destacamos alguns dos ex-jogadores que hoje estão longe dos holofotes da mídia e precisaram buscar caminhos alternativos, nem sempre dentro do futebol.
EX-JOGADORES QUE SE REINVENTARAM
Um dos atletas do passado que seguiu um caminho alternativo foi Afonsinho, que atuou pelo Fluminense, entre outros clubes, e encerrou a carreira em 1981.
Ele se formou em Medicina pela Uerj, trabalhou durante décadas no Instituto Pinel, no Rio de Janeiro e atualmente em uma clínica da família em Paquetá. Também comanda uma escolinha de futebol para crianças carentes.
“Utilizei o esporte como um complemento do tratamento psiquiátrico. A vida pós-futebol é um esforço de focar no social e na saúde. Me inspira em minha própria trajetória pessoal”, destaca o ex-atleta do tricolor carioca.
No exterior, John O’Kane, que jogou como zagueiro do Manchester United, virou um cuidador de pessoas com necessidades especiais. Segundo ele, a atividade lhe dá mais satisfação do que tinha dentro dos gramados.
“Já faz quase 20 anos que trabalho cuidando de crianças com necessidades especiais e posso dizer que nunca fui tão feliz na vida”, garante O’Kane.
EMPREENDENDO E GERANDO IMPACTO
Alguns ex-atletas optaram pelo empreendedorismo. Um exemplo é Dudu Cearense, que atua como mentor financeiro de jogadores em atividade. Ele ajuda seus clientes a gerir de maneira correta seu patrimônio.
“Não sou coaching, dou mentorias para transformar pessoas comuns em atletas com alta performance na vida pessoa“, explica Dudu, que defendeu clubes como Vitória, Atlético Mineiro e, no exterior, no CSKA e no Olympiacos, entre outros.
O ex-lateral Gilberto, segundo a Medium “Além das Quatro Kinhas, começou a trabalhar como comentarista, mas tem o forte desejo de abrir novas frentes para sua vida profissional.
GESTÃO
Para os que ainda desejam permanecer no ramo do futebol, há opções como gestão. A Fifa lançou em abril deste ano o Players Executive Programme, com participação inclusive de brasileiros. O programa destina-se a formar ex-jogadores para exercerem papéis executivos no esporte.
O presidente Gianni Infantino ressaltou a necessidade de garantir uma transição mais suave e sustentável para quem está saindo de dentro das quatro linhas.
O ex-jogador Sávio, que defendeu o Flamengo e poderoso Real Madrid, investiu em gestão esportiva com a empresa Sávio Soccer, que está agenciando atletas jovens. Nesta firma são feitas palestras. Sávio também tem uma participação no setor imobiliário por meio da Bortolini Patrimonial, em Santa Catarina.
CASOS EXTREMOS
Em alguns casos os exemplos de mudanças foram ainda mais impressionantes. Eric Cantona tornou-se ator. Arjen de Zeeuw (ex-Wigan Athletic) é um policial na Holanda. Por outro lado, Royston Drenthe hoje é rapper.
Tais exemplos internacionais comprovam que não existe uma única forma de construir uma nova identidade profissional quando os holofotes do mundo do futebol não estão mais sobre o profissional.
DIFICULDADES FINANCEIRAS E EMOCIONAIS
Uma pesquisa elaborada pelo The Athletic destaca que 23% dos ex-jogadores não se consideram financeiramente estáveis depois de se aposentarem.
Além da questão financeira delicada, ex-atletas podem ter problemas de autoestima e uma urgente necessidade de ressignificar sua vida. Isso pode representar não apenas uma nova carreira, mas educação e outros itens que antes não eram levados muito em consideração.
“Os jovens precisam começar a pensar no que farão depois dos 30 anos. Isto é fundamental. Porém, muitos adiam este questionamento e quando o tempo passa podem entrar em pânico”, salienta John O’Kane.
MERCADO DIVERSIFICADO
Levantamento feito pelo UOL com 35 entrevistados – incluindo nomes como Paulo Baier, Mancini e Guilherme Alves – aponta que a maioria dos ex-atletas segue ligada ao futebol. As opções para reengajamento não se resumem a ser técnico de futebol ou comentarista. Mentor financeiro e executivo são outras portas que se abrem.
Isso demonstra sem sombra de dúvida que o futebol não se resume a ações de mídia, mas pode significar uma reconexão com propósitos sociais, negócios ou outras paixões pessoais.
CONCLUSÃO
Vários ex-jogadores não tomaram o caminho que parece o mais natural depois que “penduraram as chuteiras”. Seja no cuidado social, na medicina ou no mundo dos negócios é necessário se reinventar.
A vida depois das quatro linhas exige planejamento, estudo e boa capacidade de adaptação.