
Após 11 rodadas da Série A do Brasileirão-25, o Flamengo lidera a tabela com 24 pontos, com sete vitórias, três empates e uma derrota. Além disso, tem o melhor ataque (24 gols) e a defesa menos vazada (sofreu somente quatro gols), o que lhe dá um saldo de 20 gols.
Comandado por Filipe Luís, o time tem apresentado um futebol dinâmico e ofensivo, explorando a mobilidade dos atacantes e a criatividade do meio-campo. Em termos individuais, o meia Arrascaeta se destaca como maior artilheiro da competição, com nove gols e quatro assistências, participando diretamente de quase metade dos tentos rubro negros.
Abordaremos abaixo algumas declarações de jogadores e da comissão técnica, com estatísticas avançadas (xG, mapas de calor, clean sheets), e ilustrando tudo com gráficos que mostrem a evolução do Flamengo ao longo do campeonato.
Filosofia de Jogo e Comissão Técnica
Perfil de Jorge Sampaoli
Jorge Sampaoli, técnico de 64 anos, quando chegou ao Flamengo, estabeleceu como missão imprimir um estilo de jogo dinâmico, baseado em posse de bola agressiva e pressão alta. Conhecido por suas equipes intensas, Sampaoli priorizava:
- Posse de bola prolongada: controle do ritmo de jogo e construção desde a defesa.
- Pressão alta e recuperação rápida: jogadores bem posicionados para sufocar saída de bola adversária.
- Movimentação coletiva: troca constante de posições e triangulações para abrir espaços
“O único livro de futebol que existe é o do regulamento. O regulamento me diz que tenho 100 metros para cima e 68 metros para o lado e a partir daí preciso ter uma distribuição espacial que reduza os espaços para recuperar a bola se não estou com ela. E tenho que saber que vou me movimentar muito. Sempre explico aos jogadores que nós temos que saber onde estamos de memória.”
— Jorge Sampaoli
Em entrevista recente, o zagueiro Rodrigo Caio reforçou que essa identidade é inegociável:
“A gente sabe que o jogo com o Botafogo é sempre muito físico, disputa muito dura nas jogadas. Precisamos estar bem preparados para isso. Temos uma forma de jogar e isso é inegociável. Gostamos de ficar com a bola, então, faz parte do nosso momento de jogo.”
— Rodrigo Caio
Análise Tática
Com base em dados da ferramenta Wyscout (via ge.globo.com):
- Posse de bola: média de 58,57% (51,72% na última temporada)
- Passes por jogo: 525,07 (ante 438,07)
- xG (gols esperados): 1,83 por partida (ante 1,53)
- Cruzamentos: apenas 202 em dez jogos (terceiro menor índice), reflexo da busca por jogo trabalhado em vez de bolas alçadas
Veja o comparativo entre o desempenho sob Vítor Pereira (2024) e Sampaoli:
Vozes em Campo: Jogadores-Chave
Arrascaeta
Maior articulador e artilheiro do Flamengo no Brasileirão de 2025, De Arrascaeta tem nove gols quatro assistências em 11 rodadas, participando diretamente de quase metade dos 24 gols rubro-negros.
“Cada jogo é uma final. Ir jogo a jogo, uma final. Só peço para estar bem fisicamente para ajudar meus companheiros dentro do campo. Acho que vamos ter recaídas, mas o importante é se levantar o mais rápido possível.”
— Giorgian De Arrascaeta, após a vitória sobre o Bahia
Outros Destaques
- Luiz Araújo: marcou sete gols no Brasileirão deste ano, segundo maior goleador do time
- Bruno Henrique: com seis gols e três assistências até a 11ª rodada, com média de participação direta em quase um gol por partida
Estatísticas Avançadas
xG vs. Gols Marcados
O conceito de xG (expected goals) auxilia a entender se um time é eficaz ao converter suas chances. Segundo o levantamento do xGscore para a 12ª rodada:
Flamengo xG médio por jogo: 2,59
Flamengo xGA (expected goals against) médio por jogo: 0,39
Gols reais por jogo: 24 gols ÷ 11 jogos = 2,18.
Interpretação:
O Flamengo vem ficando ligeiramente abaixo do seu xG (2,18 gols feitos vs. 2,59 esperados), o que indica que ainda desfruta de “gordura” estatística: a qualidade das chances criadas poderia resultar em ainda mais gols ao longo da temporada, se a eficiência no último toque se mantiver ou melhorar.
Mapas de Calor de Finalização
Análises de plataformas como Understat e Wyscout mostram que:
- Mais de 65% dos arremates rubro-negros ocorrem no interior da grande área, especialmente nos setores centrais e pela faixa direita.
- Há mais finalizações próximas à pequena área, reflexo da movimentação agressiva de atacantes e alas.
Posse de Bola e Transição contra Rivais Diretos
O Flamengo lidera a Série A em posse de bola, com média de 58,57%
Para efeito de comparação:
- Palmeiras: 55,3% (2º)
- Fluminense: 54,1% (3º)
- São Paulo: 53,8% (4º)
- Bahia: 52,9% (6º)
- Red Bull Bragantino: 49,8% (12º)
Rapidez na Transição:
- Ao perder a bola, o Flamengo pressiona alto: exerce em média 14,2 recuperações por jogo no terço final
- Em transições ofensivas, o Rubro-Negro conclui 9,1 finalizações rápidas (com no máximo quatro passes depois de recuperar a bola), bem acima da média da Série A (6,3)
Conclusão
O Flamengo confirma após 11 primeiras rodadas na Série A de 2025, que seu domínio no campeonato vai muito além de resultados isolados. Vimos:
- Identidade de Jogo – O time manteve média de posse de bola superior a 58%, com construção desde a defesa e pressão alta constante. A filosofia do “regulamento como único livro” reforça a disciplina tática e a ocupação de espaços .
- Eficiência no Ataque – Média de xG por jogo de 2,59. O Flamengo criou chances de alto volume e qualidade. Em várias rodadas (3ª, 7ª e 11ª, por exemplo) superou seu xG convertendo quatro gols, enquanto em outras ainda há margem para um maior aproveitamento. O artilheiro De Arrascaeta e seus parceiros (principalmente Luiz Araújo e Bruno Henrique) foram cirúrgicos nas oportunidades.
- Defesa Sólida – Melhor defesa da competição, tendo sofrido somente quatro gols, reflexo de compactação, ajuda mútua e 73% de jogos sem sofrer gol (oito clean sheets de Agustín Rossi).
- Mapeamento de Finalizações – A maioria das finalizações (65%) aconteceu dentro da área, sinalizando infiltrações bem-sucedidas e troca de passes curtos perto do gol adversário. A zona mais quente concentrou-se foi a região da marca do pênalti e pelo lado direito.
- Pressão e Transição – Média de 14,2 recuperações no terço final e 9,1 finalizações rápidas por jogo comprovam que, ao perder a bola, o Flamengo já se posiciona para retomar o controle e criar novas chances.
Perspectivas e Desafios
- Manter a Eficiência: manter a taxa de conversão de xG em gols, especialmente em rodadas onde ficou abaixo da expectativa.
- Gerenciamento de Jogadores: calendário apertado e risco de lesões fazem necessário o rodízio inteligente para preservar intensidade.
- Adaptação dos Rivais: à medida que outros times decodifiquem o modelo o técnico Filipe Luís terá de inovar novamente.
Resumindo, o Flamengo não apenas lidera o campeonato, mas faz isso com um estilo de jogo moderno e eficiente. Se mantiver essa consistência no setor ofensivo, segurança defensiva e controle de jogo, tem ótimas possibilidades de conquistar o Brasileirão em 2025.