
Desde o início da SAF liderada por John Textor ao Botafogo, no início de 2022, o clube vive uma instabilidade crônica na figura do treinador principal. Embora tenha conquistado títulos históricos, como a Libertadores e o Campeonato Brasileiro em 2024, o Glorioso não tem tido continuidade no comando técnico.
O alvinegro teve uma média de um treinador a cada seis meses na SAF de Textor, com Luís Castro, Bruno Lage, Lúcio Flávio, Tiago Nunes, Artur Jorge, Renato Paiva e agora Davide Ancelotti passando pelo clube, muitos com permanências bem curtas.
A SAÍDA DE DAVIDE ANCELOTTI
Davide Ancelotti, de 36 anos, anunciou sua decisão de não continuar como treinador do Botafogo para a temporada de 2026 após reuniões internas na diretoria que culminaram na saída dele e de sua comissão técnica, incluindo o preparador físico Luca Guerra.
O treinador teria discordado da demissão de Guerra, um profissional criticado internamente e por parte da torcida por métodos de preparação física que geraram muitas lesões.
APROVEITAMENTO MEDIANO
A passagem de Davide pelo Alvinegro terminou com 33 partidas, 15 vitórias, 11 empates e sete derrotas, aproveitamento de cerca de 56,6%, resultado questionado por parte da torcida, apesar de garantir uma vaga na próxima Libertadores. Em entrevista coletiva dada recentemente, Ancelotti comentou sobre a experiência:
“Estou feliz aqui. Pelo ambiente familiar que temos no vestiário e no CT… minhas atenções estão na competição e em reforçar o hábito de ganhar.”
Apesar de uma fala otimista, o cenário interno se mostrou tenso e a decisão de seguir sem ele foi tomada justamente no período de planejamento para 2026, deixando o clube mais uma vez sem treinador no fim do ano.
A VISÃO DE TEXTOR
O próprio Textor já falou sobre as dificuldades de manter treinadores por mais tempo no clube. Em análise recente sobre a temporada de 2025, o empresário admitiu que a saída de técnicos – inclusive de Artur Jorge, que conquistou títulos inéditos – ocorreu em um contexto de disputa por mercado e ambições pessoais dos profissionais:
“Não é falta de planejamento perder seu treinador quando ele já sabia que ia sair antes da temporada acabar… tivemos dificuldades e ninguém queria o cargo após o ano histórico de 2024.”
RETROSPECTO
Desde que a SAF assumiu o futebol alvinegro, poucos técnicos tiveram sequência. Luís Castro foi o mais longevo, permanecendo por mais de um ano e meio antes de sair para um projeto no exterior.
Logo depois, nomes como Bruno Lage, Lúcio Flávio e Tiago Nunes tiveram passagens extremamente curtas e nem sequer conseguiram implementar um estilo de jogo.
Artur Jorge, treinador português, viveu sua melhor fase à frente do Botafogo em 2024, conquistando a Libertadores e o Brasileirão, antes de aceitar uma proposta do clube catari Al-Rayyan no início de 2025.
DEMORA
Após a saída de Artur, o Botafogo demorou para anunciar um substituto. Afinal, o também português Renato Paiva só foi contratado depois de meses de busca, o que muitos torcedores consideraram tardio e prejudicial ao planejamento da temporada.
Paiva teve um aproveitamento razoável, mas acabou demitido logo após a eliminação na Copa do Mundo de Clubes da FIFA, em junho de 2025.
Ao comentar os bastidores de sua saída, Paiva disse em entrevista:
“Fui demitido porque não permiti interferências no meu trabalho… Textor queria se meter nas escolhas e eu resisti.”
Esse episódio foi um dos que mais alimentaram críticas à gestão direta de Textor sobre temas técnicos, especialmente quando o proprietário é visto como centralizador.
QUEM VEM AÍ? NOMES E EXPECTATIVAS
Com a saída de Ancelotti, surgem inevitavelmente especulações sobre quem será o próximo treinador do Botafogo. Nos bastidores e em veículos especializados, citam-se desde nomes estrangeiros renomados até técnicos brasileiros com experiência no futebol sul-americano.
Uma reportagem internacional chegou a mencionar que o clube chegou a explorar opções como Rafa Benítez ou Tata Martino, embora nada tenha sido oficialmente confirmado recentemente.
SÓ ESTRANGEIROS?
A insistência em nomes estrangeiros divide os torcedores, com muitos argumentando que há profissionais brasileiros experientes e identificados com o futebol local, que poderiam trazer estabilidade, especialmente após anos de rotatividade.
Por outro lado, a direção da SAF parece determinada a manter um padrão internacional, o que pode ser visto tanto como um diferencial quanto como uma teimosia desnecessária.
INSTABILIDADE E DESAFIOS PARA 2026
Além da questão puramente de nomes, há fatores que pesam nessa rotatividade constante: a falta de um planejamento de elenco consolidado, a possibilidade de negociações de atletas-chave a qualquer momento e a pressão por resultados imediatos. Trata-se de um desafio enfrentado em clubes que passam por transformações profundas, como modelos de SAF.
Questionado sobre a rotatividade técnica, um especialista resumiu o sentimento que ecoa em muitas vozes do futebol brasileiro:
“Quando um clube troca treinador como quem troca de camisa, a estabilidade e a identidade de jogo se perdem. Botafogo tem um elenco forte, mas precisa de continuidade para alcançar seus objetivos”, destacou Eduardo Barros .
CONCLUSÃO
O Botafogo caminha para 2026 com muitas questões a resolver. A era SAF de Textor rendeu conquistas inéditas, mas também expôs fragilidades na gestão esportiva. A alta rotatividade de treinadores é um dos principais sintomas dessa equação complexa.



























