Defasado? Quem está defasado? 

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Abel Braga
Abel Braga (foto: Ricardo Duarte / Internacional)

Numa analogia com a nossa música, cujo mercado não valoriza os cantores e cantoras do passado, no futebol, alguns técnicos, com uma longa carreira e títulos importantes, ficam sem clubes por um bom tempo. E às vezes são esquecidos.

Há também alguns críticos que se acham mais realistas que o rei, e criticam determinados técnicos, chamando-os de defasados. Não vou citar nomes por uma questão ética e para não ferir suscetibilidades.

O técnico do Internacional, Abel Braga já foi vítima desse tipo de crítica, mas sempre conseguiu superar todas as adversidades.

Contratado em novembro do ano passado, seu contrato vai até fevereiro de 2021.É a sua sétima passagem pelo clube. Assumiu no lugar de Eduardo Coudet, que saiu para dirigir o Celta de Vigo, da Espanha.

No Flamengo, a despeito de ter feito um bom trabalho, pediu para sair porque se considerou traído pela diretoria, que trabalhava nos bastidores para contratar o técnico Jorge Jesus. “Não suporto traição” – disse o treinador à época, com a objetividade que o caracteriza.

No seu perfil há outras virtudes, como por exemplo, personalidade, facilidade para o relacionamento interpessoal e amor ao trabalho.

Característica que o ajudou a superar um duro golpe, quando treinou o Fluminense: a perda do seu filho mais novo, João Pedro, em 2017. Recebeu o carinho e o apoio moral de jogadores, dirigentes e pessoas ligadas ao futebol. Em Pernambuco, a torcida do Sport realizou um ato de solidariedade emocionante, aplaudindo e gritando seu nome.  Os jogadores do time carioca jogaram com uma tarja preta na manga da camisa. Num momento traumático da sua vida, o futebol serviu como catarse.

No Internacional, o ex-zagueiro que virou técnico, tem seu nome inscrito na história do clube, onde conquistou uma Libertadores e o Mundial de Clubes – em 2006. Este, no jogo decisivo, o Colorado venceu o Barcelona, que à época tinha Ronaldinho Gaúcho.

Caso o Internacional ganhe o título do Brasileirão, a diretoria vai ficar numa situação difícil, pois combinou com o técnico espanhol Miguel Argel Ramirez sua contratação ao final da competição.

E se o time vencer o Brasileirão? A diretoria vai ter coragem de dispensá-lo?

Pessoas como Abel Braga nos dão a certeza de que nem tudo está perdido