A maior tragédia da história do futebol: o massacre de Lima em 1964

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Estadio Nacional 1964
foto: HO / IPD / AFP/AFP

Muitas tragédias já atingiram e comoveram o mundo do futebol ao longo dos anos, causando a morte de torcedores e destruição. Entre os fatos mais lamentáveis estão, por exemplo, os de Ibrox (1971) e Hillsborough (1989), que são frequentemente lembrados.

No entanto, a maior catástrofe em um estádio de futebol aconteceu no dia 24 de maio de 1964, no Estádio Nacional de Lima, no Peru. Pelo menos 328 pessoas morreram na ocasião, mas de acordo com as autoridades locais pode ter havido mais vítimas. Relembre o caso:

Peru x Argentina: duelo valia vaga nas Olimpíadas

No confronto entre Peru e Argentina em jogo estava uma vaga para os Jogos Olímpicos de Tóquio, de 1964. Os donos da casa só precisavam de um empate para se manter na briga pela classificação. No estádio estavam 53 mil torcedores para apoiar a seleção e havia muita tensão no ar. O fato trágico aconteceu no segundo tempo do jogo.

Fúria por gol anulado

Quem abriu o placar foram os argentinos, gol gol de Néstor Manfredi. O Peru empatou a cinco minutos do final, com Víctor “Kilo” Lobatón, porém o juizuruguaio Ángel Eduardo Pazos Bianchi anulou o gol, marcando falta na jogada. Esse foi o estopim para um enorme caos, pois dois torcedores invadiram o gramado e atacaram o próprio árbitro. Os policias presentes reagiram prontamente, e com brutalidade, inclusive espancando um deles. Isso revoltou ainda mais os torcedores peruanos no estádio.

Cães e gás lacrimogênio causam desespero

Para tentar conter a fúria da multidão a polícia soltou cães e usou gás lacrimogêneo nas arquibancadas. Houve pânico, porque milhares de torcedores, tentando fugir pelas saídas do estádio, esbarraram nos portões trancados.

Muitas pessoas começaram a sufocar, gritos desesperados se ouviram e empurrões. Houve mortes por asfixia ou hemorragias. Famílias inteiras, com crianças e idosos, foram esmagadas no corre-corre. Não havia escape daquele cenário de terror.

Mais repressão, tiros e mortes também fora do estádio

Quem pensa que o terror terminou para quem sair do estádio, infelizmente está enganado. Houve confrontos entre policias armados e torcedores enfurecidos. Muitos tiros foram disparados pelos agentes de segurança e corpos foram vistos pelas ruas. Porém, o governo jamais reconheceu oficialmente que pessoas tinham morrido por conta do emprego de armas de fogo. Além disso, jamais uma investigação completa foi realizada para apurar os terríveis fatos.

Lima saqueada

O caos também se espalhou para outras partes da capital peruana. Houve incêndios, saques e lojas foram destruídas. Revoltada, a multidão matou dois policias, revidando a ação violenta dos que deveriam ser responsáveis pela segurança.

Um triste legado de morte e dor

Como consequência mais imediata de toda a tragédia o Estádio Nacional de Lima teve a capacidade reduzida de 53 mil para 45 mil pessoas. Entretanto, o mundo da bola demorou a aprender, pois fatos posteriores não tardaram a ocorrer. Foram 97 mortos em Hillsborough, 39 em Heysel, 66 em Ibrox e 56 em Valley Parade.

A tragédia de Lima em 1964, porém, segue o dia mais sombrio da história do futebol mundial.