
A Copa do Mundo de 2030 promete ser uma edição histórica, não apenas por celebrar o centenário do torneio, mas também por trazer à tona uma polêmica proposta da Conmebol: ampliar o número de seleções participantes para 64.
O próximo Mundial – organizado conjuntamente pelos países da América do Norte – terá 48 equipes, já representando um aumento em relação às tradicionais 32 seleções que disputavam o torneio desde 1998.
A ideia da Conmebol de um novo salto, com 64 seleções em 2030, ainda encontra resistência dentro da Fifa e em outras confederações, como a Uefa e a Concacaf.
FESTA GLOBAL
A proposta foi anunciada pelo presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, durante o 80º Congresso Ordinário da entidade, realizado em abril de 2025. Segundo ele, a ampliação para 64 seleções seria uma forma de tornar o Mundial de 2030 uma verdadeira festa global.
“Que ninguém neste planeta fique de fora desta celebração que, embora seja realizada em todos os lugares, é a nossa festa”.
Domínguez ressaltou que a ideia é que o torneio aconteça em três continentes simultaneamente – Europa, África e América do Sul – e que todos os países tenham a oportunidade de viver a experiência do Mundial, especialmente por se tratar do centenário da competição.
CETICISMO
Porém, a proposta não foi bem recebida por outras entidades do futebol mundial. O presidente da Uefa, Aleksander Čeferin, e representantes da Concacaf e da Confederação Asiática de Futebol (AFC) já manifestaram ceticismo em relação ao aumento para 64 seleções.
Eles argumentam que o formato com 48 equipes, que estreia em 2026, já é um grande desafio logístico e esportivo. Além disso, há preocupações sobre a qualidade técnica das partidas, o calendário apertado e o impacto financeiro para os países-sede.
O próprio presidente da Fifa, Gianni Infantino, que liderou a ampliação para 48 seleções, ainda não confirmou oficialmente o aumento para 64 em 2030, mantendo o planejamento para 48 equipes.
A decisão deve ser tomada no Congresso da Fifa, previsto para ocorrer em maio de 2025, em Assunção, no Paraguai – justamente na sede da Conmebol, o que torna o debate ainda mais acalorado.
POR QUE 64 SELEÇÕES NO MUNDIAL?
A motivação principal da Conmebol é garantir maior representatividade e visibilidade para os países sul-americanos, que tradicionalmente têm poucas vagas no Mundial devido ao pequeno número de países na confederação.
Além disso, a proposta visa ampliar a quantidade de jogos realizados na América do Sul, uma forma de valorizar o futebol local e aproveitar o centenário da Copa do Mundo, cuja primeira edição foi disputada no Uruguai, em 1930.
Domínguez destacou que a ideia é que o Mundial de 2030 seja uma celebração global, onde “todos os países tenham a oportunidade de viver uma experiência mundial”.
PRÓS E CONTRAS
Entre os pontos positivos, a ampliação poderia democratizar o acesso ao Mundial, permitindo que mais países, especialmente de continentes menos representados, participem da festa.
Isso pode estimular o desenvolvimento do futebol em regiões menos tradicionais e aumentar o interesse global pelo torneio.
Por outro lado, os críticos apontam vários contratempos. A logística para organizar um torneio com 64 seleções é complexa, exigindo mais estádios, infraestrutura e um calendário mais extenso.
Isso, segundo os opositores da proposta, pode prejudicar a preparação dos jogadores e o calendário dos campeonatos nacionais. Além disso, há o risco de diluir a qualidade técnica do torneio, com jogos de seleções menos competitivas.
O presidente da Conmebol reconheceu que a proposta é “por uma única vez”, para marcar o centenário, mas pediu reflexão: “Convido vocês a não mudarem de postura, mas a refletirmos juntos sobre fazer algo que esteja à altura da história”.
CONCLUSÃO
A discussão sobre o número de seleções na Copa do Mundo de 2030 está longe de um consenso. A Conmebol defende uma ampliação inédita para 64 times, visando a inclusão e a celebração histórica, enquanto a Fifa e outras confederações preferem manter o formato com 48 equipes, já considerado um grande avanço.
A decisão final dependerá de negociações políticas e técnicas, mas o debate já evidencia como o Mundial de 2030 será especial, não só pelo futebol, mas também pela complexidade de sua organização e pelo significado simbólico do centenário.