
O futebol brasileiro vive um momento histórico em 2025, impulsionado por um verdadeiro boom de vendas internacionais. De acordo com o relatório da Fifa, no ano de 2024, nada menos que 2.350 jogadores de nosso País foram negociados no mercado global.
Trata-se da maior marca entre as 176 nacionalidades tradicionais, superando Argentina (1.217), Reino Unido (1.078) e França (1.052) Esse fluxo gerou impacto direto nos cofres dos clubes formadores, mas também abriu um debate sobre os efeitos dentro e fora dos gramados.
VOLUME DE DINHEIRO
As transferências internacionais envolvendo jogadores brasileiros movimentaram cerca de US$ 1,19 bilhão (aproximadamente R$ 7 bilhões) – o maior valor entre todas as nacionalidades.
Só o vale de exportações dos clubes do Brasil foi de US$ 592 milhões ( cerca de R$ 3,45 bilhões). Por outro lado, os clubes também compraram, investindo US$ 353 milhões em atletas de fora – demonstrando um real equilíbrio na balança comercial do futebol nacional.
GRANDES VENDAS NO RADAR
As negociações de dois atletas sacudiram o mercado nos primeiros meses de 2025:
- Luiz Henrique, destaque do Botafogo campeão da Libertadores e do Brasileirão 2024, foi vendido ao Zenit por 35 milhões de euros (cerca deR$ 200 milhões) em janeiro de 2025. Segundo o próprio Luiz Henrique, “tentei ficar, mas a direção entendeu que era hora de seguir”.
- Paulinho, do Palmeiras e artilheiro do Brasileirão 2023, trocou o Atlético‑MG pelo Verdão em dezembro/2024 por aproximadamente R$ 118 milhões, incluindo jogadores na negociação.
Esses negócios, de valores expressivos para o padrão brasileiro, reforçam que o País se tornou um fornecedor de talentos internacionais – valorizados no exterior – e consumidor interno em busca de montar equipes competitivas nas competições locais e internacionais.
VOZES DO MERCADO
Um empresário que atua em Santa Catarina e Rio Grande do Sul destacou:
“Clubes de base estão aproveitando essa janela. Muitos precisam vender para balancear contas. Mas se você exagera, quebra a estrutura de formação.”
Para Ana Sousa, diretora da base de um clube do interior paulista:
“As saídas são boas no curto prazo, trazem receita. Mas há risco: se todo ano os talentos vão embora, como manter uma equipe competitiva e engajada?”
Renato Lima, ex-zagueiro e agora consultor de scouting, aponta o aspecto estratégico:
“O mercado europeu valoriza jovens entre 18 e 23 anos. Estamos vendo muitos com idades entre 21 e 24 sendo vendidos em alta. É curva de transição para os clubes daqui: valores acima de 10 a 20 milhões de euros por jogador são insustentáveis internamente sem uma base sólida.”
IMPACTOS NAS COMPETIÇÕES INTERNAS
A rotatividade de atletas começou a se refletir nas equipes brasileiras. Clubes grandes ainda conseguem repor com recursos e scouting eficiente – os exemplos de Palmeiras, Botafogo e Flamengo se destacam.
Por outro lado, times médios ou pequenos sofrem. Revelações constantes no mercado significam desequilíbrio:
- Um técnico que atua do interior paulista, afirmou em coletiva: “A cada mês perco um titular. É difícil segurar um planejamento no campo se você não consegue segurar quem brilha.”
Em competições como Brasileirão e Copa do Brasil, isso favorece os clubes que conseguem repor – mantendo estabilidade de elenco. Já os que dependem de revelações pontuais são castigados.
TREND DIGITAL: REPERCUSSÃO NAS REDES E NEGÓCIOS
O boom de vendas é tema forte no LinkedIn: ex-dirigentes comentam sobre modelos de Sociedade Anônima do Futebol (SAF) e sustentabilidade financeira. No Instagram – especialmente em Lives no Spaces – empresários e analistas debatem cases de sucesso e fracasso: “Quem acerta no scout enche caixa; quem erra fica na crise”, disse Eduardo Ramos, analista de mercado esportivo.
Nos fóruns de scouting, como no Reddit:
“Valor médio de venda de jogador brasileiro é agora US$ 532 mil, bem abaixo dos europeus”, comentou um usuário, alertando para margem de ganho.
E O FUTURO?
O surto de vendas de 2025 tem facetas positivas: fomento de receitas, aumento de visibilidade global e profissionalização de clubes formadores. Por outro lado, traz desafios internos: instabilidade de elenco, planejamento a longo prazo e pressão constante por resultados.
A chave de equilíbrio parece estar em fortalecer os elencos de base – apostando em estrutura de formação contínua, políticas de retenção (mesmo que temporária) e reinvestimento das receitas.
Se as SAFs e os modelos de negócio dos clubes conseguirem articular esses ganhos, o boom pode criar uma cadeia sustentável. Caso contrário, clubes médios e pequenos podem se tornar meros trampolins de talentos, sem colher resultados esportivos consistentes.