
O futebol, uma das maiores paixões brasileiras, vai muito além da habilidade técnica e do condicionamento físico. Nos bastidores, muitos jogadores enfrentam desafios emocionais e psicológicos intensos, provocados pela pressão por resultados, críticas, expectativas e a exigência constante de alta performance.
Várias histórias de jogadores que superaram essas adversidades emocionais mostram a importância do cuidado com a saúde mental no esporte.
HISTÓRIAS DE SUPERAÇÃO
Um exemplo emblemático é o do atacante Thiago Ribeiro, que enfrentou uma longa batalha contra a depressão durante oito anos, período em que chegou a ser afastado de seu time por queda de rendimento.
Ele relatou que, apesar da vergonha e do receio de não ser compreendido, buscou auxílio médico com psicologia e psiquiatria, além de contar com o apoio da família, amigos e fé.
“Hoje vivo uma vida 100% normal, como vivia antes do problema. Tenho 39 anos e quero jogar mais alguns anos em alto nível”, contou Thiago. Ele também destaca o papel crucial da rede de apoio e da fé para superar o quadro depressivo.
Outro exemplo histórico é Heleno de Freitas, atacante dos anos 1940 que lutou contra problemas pessoais, incluindo dependência química, e cujo temperamento impactou sua carreira.
Apesar dos desafios, Heleno, grande ídolo do Botafogo, tentou reverter seus problemas, mostrando que mesmo com dificuldades profundas, a luta pela superação é possível.
Jogadores contemporâneos, como Fabrício Bruno, do Flamengo, mostraram que o acompanhamento psicológico é essencial não apenas para tratar questões emocionais, mas também para lidar com longos períodos de afastamento por lesões, que aumentam o desgaste mental. Sua retomada ao futebol contou com suporte psicológico, fundamental para manter o equilíbrio corpo e mente.
OS PSICÓLOGOS E A SAÚDE MENTAL DOS ATLETAS
Especialistas da psicologia esportiva afirmam que a pressão que os atletas de alto rendimento sofrem vai muito além da preparação física e técnica. Os fatores emocionais, afetivos e sociais interferem diretamente no desempenho esportivo. A psicologia esportiva tem buscado ampliar o cuidado à saúde mental para melhorar o bem-estar dos atletas e, por consequência, sua performance.
A pressão, vinda de patrocinadores, torcedores, família e dos próprios atletas, pode gerar ansiedade, depressão e outras desordens, tornando essa questão um componente que precisa ser tratado com prioridade.
Um psicólogo especializado em esportes explicou que “o estado mental pode influenciar diretamente os resultados dentro de campo, tornando vital apoiar o atleta para que ele consiga lidar com a enorme carga emocional que o futebol impõe”.
COMO OS TREINADORES PODEM AJUDAR
Os técnicos têm um papel decisivo na gestão da saúde mental dos jogadores sob seu comando. É fundamental reconhecer sinais de sofrimento emocional e promover um ambiente que valorize a comunicação aberta.
Técnicos podem ajudar facilitando o acesso a profissionais de psicologia, defendendo a importância do equilíbrio emocional e aplicando técnicas de gestão de estresse e ansiedade no dia a dia.
PRÁTICAS
Algumas práticas recomendadas são a inclusão de treinamentos mentais, como exercícios de respiração e foco, que reduzem a ansiedade e ajudam o atleta a lidar com a pressão de forma mais saudável.
Além disso, técnicos que incentivam o suporte coletivo dentro das equipes, criando um ambiente acolhedor, contribuem para a saúde emocional dos jogadores.
A consciência sobre a saúde mental tem avançado no futebol brasileiro, como aponta o recente caso do técnico Tite, que deixou um grande clube para cuidar de sua própria saúde emocional, trazendo à tona a necessidade de abordar abertamente a questão da pressão emocional no esporte.
DIÁLOGO E APOIO
Quebrar o tabu em torno da saúde mental no futebol é um passo fundamental para que jogadores se sintam seguros para buscar ajuda.
Ex-jogadores e atletas em atividade estão iniciando um diálogo mais franco sobre o tema, mostrando a importância da empatia e do acolhimento para a superação de crises emocionais.
Thiago Ribeiro aconselha quem enfrenta esses problemas a lembrar quem eram antes da doença, mantendo a motivação para recuperar a qualidade de vida. Ele explica que recordar os bons momentos e a vida saudável anterior serve de combustível para superar a fase difícil.