
Desde que Juan Pablo Vojvoda assumiu o Fortaleza em 2021, o clube viveu um dos seus momentos mais altos. O técnico conquistou títulos importantes – entre eles o penta do Campeonato Cearense, a Copa do Nordeste.
Além disso, o clube teve campanhas inéditas, como participações na Libertadores, além de disputar a final da Sul‑Americana em 2023. Com isso, o Leão do Pici se consolidou como protagonista no cenário nacional.
O sucesso criou mais uma vez grande expectativa para 2025, para manter o status e mais uma vez brigar entre os melhores. As coisas, porém, não têm acontecido como os fanáticos torcedores do Lion esperavam e a atual temporada tem sido terrível para o tricolor.
BAIXO RENDIMENTO E FATORES PARA A QUEDA DE PRODUÇÃO
Logo no início da temporada o Fortaleza começou a perder o compasso e foi superado no Campeonato Cearense pelo arquirrival Ceará. Na Copa do Nordeste, teve desempenho ruim de fase de grupos, avançando apenas em quarto lugar e foi eliminado nas quartas‑de‑final. Na Libertadores teve um desempenho muito ruim.
Vojvoda admitia, em coletivas, que o time atravessava uma “fase ruim”. Problemas de lesões, variações de escalação, excesso de oscilações táticas e individuais interferiram.
Paralelamente, a torcida começou a questionar desempenhos e atitudes de jogadores que antes eram bem-vistos — Deyverson é o exemplo mais claro, com expectativas altíssimas na chegada, mas envolvido em episódios de críticas e vaias.
Yago Pikachu, peça-chave em anos anteriores, também viu sua produção cair: virou opção menos usada, com atuações abaixo do que se esperava. A relação com a torcida ficou mais fria.
DEMISSÃO DE VOJVODA: NECESSÁRIA OU PRECIPITADA?
Em meados de julho de 2025, Vojvoda foi demitido. A saída foi decidida após uma sequência ruim: nove jogos sem vitória, com seis derrotas consecutivas e mais uma derrota no Clássico‑Rei contra o Ceará, jogando o time par a zona de rebaixamento do Brasileirão-25.
Segundo alguns comentaristas, a demissão era inevitável dado o desgaste: os resultados não vinham, o ambiente estava pesado, e a confiança aparentemente havia se perdido.
No entanto, outros consideram que a saída foi precipitada, dada toda a história construída, o respaldo que ele ainda mantinha entre parte da torcida, e o fato de problemas estruturais (no elenco, nas contratações, no calendário) também pesarem.
Em declaração após sua saída, Vojvoda falou: “Por mim, nos momentos bons ou ruins eu queria continuar.” Isso mostra que, ao menos para ele, ainda havia vontade de tentar reverter.
CONTRATAÇÕES DE 2025: FRACASSO OU MAU APROVEITAMENTO?
Os reforços do Fortaleza em 2025 foram numerosos e custaram caro. Segundo levantamento, o clube investiu cerca de R$ 40 milhões em contratações, incluindo jogadores como Herrera, Adam Bareiro, Pablo Roberto, Helton Leite, Rodrigo e Deyverson.
Entretanto, muitos desses nomes não renderam o esperado:
- Deyverson trouxe experiência, histórico de gols e carisma, mas também virou alvo de críticas pela torcida. Em entrevista, o atacante disse:
“Não está faltando vontade, garra e determinação. Tivemos boas chances, mas a bola está precisando entrar… Estou muito chateado por não conseguir dar as vitórias, mas vamos colocar a cabeça no lugar para nos recuperarmos.”
O atacante, muito pressionado pela torcia, foi afastado pelo ex-técnico Renato Paiva, que afirmou:
“Tem aspectos que não o ajudam enquanto jogador. E, no momento que nós atravessamos, no momento em que o grupo está, não cabia ter aqui o Deyverson, ainda mais com tudo que está à volta do Deyverson, de cobranças exteriores.”
- Yago Pikachu, embora respeitado, viu sua influência diminuir. Ele lamentou derrotas e disse:
“É paciência, é frustrante, é triste, mas a gente tem que continuar acreditando …”
- Outras contratações de peso como Herrera e Bareiro, bem como o goleiro Helton Leite e o volante Rodrigo, não garantiram regularidade ou rendimento compatível ao investimento até o momento. Alguns deles foram pouco aproveitados, ou demoraram para adaptar-se.
OPINIÕES: TORCEDOR, JOGADOR E DIRIGENTE
- Um torcedor tricolor expressou nas redes sociais:
“Deyverson se perdeu no personagem e virou apenas um palhaço em campo”.
- O atacante Deyverson disse:
“Estou muito chateado por não conseguir dar as vitórias, mas vamos colocar a cabeça no lugar para nos recuperarmos.”
- O CEO do clube, Marcelo Paz, dirigente e dirigente‑comentarista de certa forma, reconheceu erros:
“Nada justifica” esse momento ruim (…) “sobre o momento esportivo, não é um bom momento, isso a gente tem que reconhecer. Não é normal o Fortaleza, nos últimos quatro jogos, não ter boas atuações.”
Também, ao anunciar Martín Palermo como novo treinador, Paz disse que se buscava alguém “que tivesse impacto no vestiário, um profissional respeitado, que venha provocar mudança rápida, com urgência de resultados.”
A NOVA APOSTA
Em setembro, o Fortaleza decidiu apostar em Martín Palermo. O técnico substituiu Renato Paiva, demitido após dez jogos, com apenas uma vitória nesse período, sequência ruim no Brasileiro, eliminação ou desempenhos abaixo do esperado nas outras competições.
Palermo chega em um momento difícil com missão clara: livrar o Fortaleza do rebaixamento. O clube estava em situação crítica na Série A, vice‑lanterna ou nas últimas colocações. O contrato vai até o fim de 2025, com possibilidade de renovação.
O novo técnico comentou:
“O desafio que temos como prioridade é deixar o Fortaleza na primeira divisão. Sabemos que é uma situação complexa, mas há um elenco para reverter a situação. Tenho que ser rápido para conhecer os jogadores, ver como estão e ter tranquilidade para ir para o próximo compromisso.”
O QUE PRECISA MUDAR
Para o Fortaleza evitar a queda para a Série B, vários ajustes são urgentes:
- Recuperar a confiança dos jogadores e da torcida. Atitudes em campo, transparência, discurso coerente do departamento de futebol contam muito.
- Aproveitamento dos reforços: tirar desempenho dos jogadores contratados, evitar oscilações. Reavaliar o rendimento individual, ajustar formações táticas e mensurar os custos versus retorno.
- Estabilidade técnica: com Palermo assume, é necessário dar tempo para que ele implemente sua filosofia, trabalhe ajustes físicos e mentais e melhore a dinâmica de atuação.
- Melhorar rendimento em jogos fora de casa; todos sabem que jogos no Castelão ajudam, mas times que brigam pra escapar não podem depender só de casa.
- Atenção à gestão interna e ambiente psicológico: afastamentos, polêmicas externas, cobranças vãoas constantes… tudo isso pesa sobre rendimento. Deve haver cuidado para minimizar danos dentro do elenco.
- Direção de elenco: talvez fazer algumas correções nas contratações, ajustar o time para necessidades mais pontuais, talvez apostar em jovens ou jogadores com perfil de superação.
CONCLUSÃO
A crise do Fortaleza em 2025 tem muitas causas: queda de rendimento coletivo, reforços que ainda não renderam, desgaste de um ciclo vitorioso, expectativas altas, lesões, pressão da torcida, desempenho irregular em competições.
A saída de Vojvoda foi justificável do ponto de vista de resultados, ainda que dolorosa pela história construída. A aposta em Palermo simboliza a urgência.
O Fortaleza, é claro, ainda pode evitar a queda e terminar a temporada com um mínimo de dignidade. Porém, o Tricolor do Pici está em uma encruzilhada. Mais do que nunca precisará de união em campo e da força de seus torcedores nas arquibancadas.