
No futebol brasileiro, as renovações de contratos com jovens talentos têm-se tornado cada vez mais longas, acompanhadas de multas rescisórias elevadas.
Esse formato, adotado por alguns dos principais clubes nacionais, visa proteger as joias das categorias de base diante do assédio do mercado nacional e internacional.
No entanto, cresce o debate sobre se essas medidas representam uma proteção necessária para os atletas e os clubes ou uma supervalorização que pode prejudicar o desenvolvimento dos jogadores.
ESTRATÉGIA PARA SEGURAR AS JOIAS
Recentemente, clubes como São Paulo, Corinthians, Sport e Flamengo exemplificam essa tendência. O São Paulo renovou com promessas como Lucca, de 17 anos, que assinou até abril de 2028, e outros jovens com contratos que chegam até o máximo permitido para menores (até 20 anos), garantindo assim a manutenção desses “diamantes” da base.
Carlos Belmonte, diretor de futebol do São Paulo, destaca: “Renovar com um menino de Cotia é sempre uma alegria, porque é a demonstração de um projeto que está dando certo”.
No Corinthians, a diretoria elevou a multa rescisória do zagueiro Pedro Paulo, de 17 anos, que saltou de R$ 10 milhões para R$ 20 milhões para o mercado nacional, e de 30 para 50 milhões de euros para o exterior, refletindo um cuidado maior para assegurar os investimentos feitos na base.
MULTAS RESCISÓRIAS ALTAS
Clubes brasileiros têm aplicado multas que chegam a valores bilionários em reais, como o Bahia, que colocou multas somadas por seus três principais jovens da seleção sub-17 que ultrapassam R$ 2,4 bilhões.
O Sport, por sua vez, renovou com o jovem Zé Lucas com uma multa de R$ 100 milhões para times brasileiros e 50 milhões de euros para o exterior. Essa estratégia busca blindar os clubes contra uma possível saída precoce ou negociações desfavoráveis.
PROTEÇÃO OU SOBRECARGA?
O comentarista esportivo Alexandre Costa, em seu programa, analisa esse cenário com cautela: “Vejo muita consistência nessa proteção, pois os jovens precisam de estabilidade para se desenvolverem. Mas também percebo que o ambiente pode, às vezes, acomodar o atleta, assegurando salário e vínculo sem a cobrança ideal”.
Já o técnico Alex de Souza, atualmente no Operário-PR, que também vive o contexto das renovações, valoriza o aspecto da continuidade:
“No planejamento para 2026, buscamos manter atletas que conhecem o clube e continuam evoluindo. Renovações longas dão segurança para todos, mas é preciso avaliar cada caso e garantir que o jogador esteja engajado”.
IMPACTO NAS CARREIRAS E MERCADO
Apesar dos argumentos favoráveis, há vozes críticas. Alguns defendem que contratos longos e multas altíssimas podem “estagnar” o jovem jogador, que muitas vezes não tem liberdade para buscar uma carreira no exterior ou negociar com outros clubes em condições mais vantajosas.
No Facebook, um internauta comenta a renovação do meio-campista Gerson, criticando que um salário garantido até 2030 pode levar à acomodação, reduzindo a motivação para jogar no seu melhor nível.
EMPECILHO
O equilíbrio entre proteção e valorização é delicado, e a percepção geral entre os especialistas é que os clubes devem buscar contratos que favoreçam ambas as partes.
O comentarista Alexandre Costa acrescenta que “a adaptação das estratégias dos clubes precisa considerar o desenvolvimento das habilidades técnicas, físicas e mentais do jovem, para que a proteção não vire um empecilho”.
CONCLUSÃO: A BUSCA PELO EQUILÍBRIO
As renovações longas e as multas rescisórias elevadas refletem a evolução do futebol brasileiro para um mercado onde o investimento nas categorias de base é essencial e valioso.
Embora protejam os clubes e tragam estabilidade para os atletas, essas condições precisam ser aplicadas com critérios que respeitem o desenvolvimento e as ambições dos jovens jogadores.
O desafio é ajustar esse modelo para que não seja apenas uma barreira, mas sim um suporte para o crescimento sustentável do talento no Brasil.





























