
A proposta de ampliar a Copa do Mundo de 2030 para 64 seleções tem ganhado força, principalmente pela Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), que vê a ampliação como oportunidade para valorizar o continente e ampliar a participação global.
A ideia, porém, enfrenta oposição, com receios sobre impacto no calendário, qualidade das seleções e a complexa logística que um torneio tão grande implicaria.
A PROPOSTA DE 64 SELEÇÕES NO MUNDIAL
A Conmebol formalizou uma proposta para a FIFA no início de outubro de 2025, propondo que a Copa do Mundo de 2030 seja disputada por 64 seleções, superando as 48 da edição de 2026, a primeira com esse formato ampliado.
O presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, argumenta que o aumento elevaria o número de partidas no continente, que será um coanfitrião junto com Espanha, Portugal e Marrocos.
“O incremento para 64 seleções permitiria à América do Sul não só mais partidas, mas também uma maior representatividade no maior torneio do futebol mundial,” disse Domínguez em reunião com o presidente da FIFA, Gianni Infantino, em Nova York.
A ideia da Conmebol inclui a criação de 16 novas vagas para seleções e a realização de mais jogos em países sul-americanos, além dos jogos já programados no Uruguai, Argentina e Paraguai, locais simbólicos do centenário da primeira Copa em 1930.
RESISTÊNCIAS E DESAFIOS
A proposta não é vista com bons olhos por outras confederações, como a UEFA, Concacaf e a AFC (Ásia). O presidente da UEFA, Aleksander Čeferin, se manifestou contra o aumento por temer que isso prejudique o nível técnico e crie problemas no calendário.
Para ele, mais seleções diluem a qualidade e aumentam o desgaste dos jogadores devido ao aperto de datas nas Eliminatórias e no próprio Mundial.
Em apoio a Čeferin, membros da Concacaf reforçam que a Copa já vem sofrendo por um calendário rígido, com pouco espaço para recuperação dos atletas e muitos conflitos de agenda.
O aumento para 64 equipes, segundo esses críticos, tornaria o torneio “inchado” e logisticamente inviável, tanto para seleções quanto para organizadores.
“Um Mundial com 64 seleções exigiria um planejamento jamais visto, com consequências diretas na qualidade do futebol e na saúde dos atletas,” alerta um dirigente da Concacaf, em posição reservada nos bastidores da FIFA.
Além disso, as Eliminatórias se tornariam ainda mais longas e complexas, o que preocupa os clubes e as ligas nacionais por tornar a janela internacional mais extensa.
IMPACTOS LOGÍSTICOS
A expansão para 64 seleções também traz um desafio logístico gigantesco. A Copa de 2030 já será disputada em seis países, o que traz dificuldades enormes de deslocamento, hospedagem e coordenação de estádios, segurança e transporte. Incluir mais países participantes aumenta a complexidade, especialmente em se tratando de um evento distribuído por três continentes.
Segundo especialistas em eventos esportivos, a realização de um Mundial com 64 países poderia concentrar os jogos apenas em potências econômicas devido aos elevados custos e demandas. Isso pode excluir países menores e dificultar o acesso a investimentos sem precedentes.
Há sugestões para suavizar esses impactos, como a criação de grupos regionais preliminares, ou a garantia de vagas para campeões mundiais históricos, preservando a competitividade do torneio.
Outra ideia seria a realização de uma “Liga dos Campeões da FIFA” paralela para seleções de elite, garantindo alto nível durante as Eliminatórias.
CONSIDERAÇÕES SOBRE A QUALIDADE DAS SELEÇÕES
Uma das maiores preocupações é sobre a qualidade dos jogos com um número tão elevado de participantes. A entrada de mais seleções pode significar maior desigualdade técnica entre times, com resultados desequilibrados e menor atração do público e da mídia.
Especialistas e ex-jogadores indicam que o futebol mundial deve buscar equilíbrio entre inclusão e qualidade para manter a relevância do torneio. A expansão para 64 seleções deve vir acompanhada de critérios rigorosos para evitar que a competição se torne fragmentada e previsível.
EXPECTATIVAS
A decisão final sobre o formato da Copa de 2030 está prevista para ser tomada pelo Conselho da FIFA em breve, após análises e reuniões. A edição comemorativa do centenário será disputada entre Espanha, Portugal, Marrocos, com jogos simbólicos no Uruguai, Argentina e Paraguai.
A expansão para 64 seleções é vista como uma revolução no futebol mundial, mas deve superar resistências quanto a viabilidade, qualidade e o impacto no calendário global do esporte.
O debate segue aberto, entre a vontade de democratizar o acesso ao Mundial e a preocupação com a complexidade de um evento gigante.