
O futebol vive uma era de profundas transformações, em que clubes ao redor do mundo apostam em projetos globais e reformulações estruturais para se fortalecerem dentro e fora de campo.
Essas iniciativas variam desde a adoção do modelo clube-empresa até parcerias internacionais inéditas, passando por modernização administrativa e expansão de marca.
SAFs COMO CATALIZADORAS DE RENOVAÇÃO
No Brasil, o modelo de Sociedade Anônima do Futebol (SAF) se consolidou como um motor de transformação. Segundo relatório, “o modelo SAF se consolida, muda status de clubes, rende títulos e vê desafios para 2025”, com exemplos como Cruzeiro, Botafogo e Bahia indicando resultados esportivos e maior estabilidade financeira.
Para o executivo Fred Luz, especialista consultado, “comparar o clube com outros competidores e identificar oportunidades de melhoria é essencial. A eficácia da gestão — que considera o custo para se alcançar os resultados esportivos — é o verdadeiro diferencial”.
Também há uma forte movimentação por transparência e governança: “transparência como pilar da gestão” virou prioridade, com publicação regular de relatórios, auditorias independentes e adoção de práticas semelhantes às europeias.
CLUBES BRASILEIROS E PROJETOS DE INTERNACIONALIZAÇÃO
Alguns clubes brasileiros têm investido em estratégias globais agressivas para expandir suas marcas. O Flamengo lançou a plataforma digital Flamengo TV e promoveu Soccer Camps nos EUA, com foco na cultura do clube e conexão com torcedores internacionais.
Por outro lado, o Palmeiras criou a “Casa Palmeiras” em mercados estratégicos e promoveu o “Palmeiras Day” em Nova York, além de lançar uma camisa especial com a Puma. Essas ações representam uma nova fase, na qual identidade, engajamento digital e diplomacia esportiva convergem para fortalecer o valor da marca globalmente.
PROJETOS EDUCACIONAIS E SOCIAIS DE GRANDE ALCANCE
Além das estratégias comerciais, o futebol também avança em projetos globais com foco social e educacional. O programa brasileiro de futebol feminino “Estrelas” foi selecionado para representar o país na Street Child World Cup 2026, no México, iniciativa que reúne projetos de inclusão social de 25 países e conta com apoio de celebridades como MrBeast e David Beckham.
Em âmbito internacional, iniciativas como a Academia Internacional “Futebol pela Amizade” promovem cursos gratuitos para treinadores e professores de educação física em diversos idiomas, fortalecendo valores como respeito cultural e vida ativa.
AMBIÇÃO ALÉM DAS FRONTEIRAS
O futebol também cresce em escala global com clubes apoiados por projetos grandiosos. Um exemplo notório é o NEOM Sports Club, da Arábia Saudita, vinculado à cidade futurista NEOM.
O clube foi reposicionado com fortes investimentos, ascendeu à liga principal, investiu em grandes contratações e está destinado a ser sede de estádio ultramoderno para a Copa do Mundo de Clubes de 2034.
Nas palavras de Alex Leitão, CEO do clube: “Lograr o ascenso na Liga Saudí Roshn é um passo estratégico adiante na trajetória do NEOM SC. Respalda nossa visão de longo prazo…”.
Outro exemplo é a Liga do Futebol Brasileiro (LIBRA), formada por clubes importantes como Flamengo, Palmeiras, São Paulo e outros, com foco na gestão coletiva de direitos de transmissão.
Em março de 2024, a LIBRA fechou contrato com o Grupo Globo para os direitos de TV do Brasileirão entre 2025 e 2029, gerando R$ 1,17 bilhão por ano aos clubes).
DESAFIOS E REFLEXÕES
Apesar da modernização, ainda existem resistências e dificuldades. Um debate relevante é sobre adotar o modelo clube-empresa como proposta emergencial. “A reformulação estrutural é questão de sobrevivência… Futebol profissional é negócio de bilhões; não pode mais ser gerido em estruturas de contar tostões”, defende Trengrouse, argumentando que clubes adotando responsabilidades empresariais enfrentariam a crise de modo mais eficiente.
Além disso, o colapso no futebol chinês representa um alerta: o Guangzhou FC, que construiu a maior escola de base do mundo com investimento de €165 milhões, foi expulso da Superliga em 2025 devido à crise financeira. O caso evidencia que grandes projetos exigem sustentabilidade financeira e gestão de riscos.
UM OLHAR PARA O FUTURO
Em síntese, os projetos globais e as reformulações em clubes refletem um futebol mais profissional, conectado e consciente de seu papel social. O modelo SAF traz governança, investimento e resultados; ações internacionais ampliam a presença de marca; iniciativas sociais fortalecem valores; e os projetos grandiosos, como NEOM, mostram o poder da ambição.
Entretanto, o sucesso depende de equilíbrio entre inovação e responsabilidade. Como disse Fred Luz, “a eficácia da gestão eleitoral não está apenas no financeiro, mas no futebol — o resultado alcançado com menos investimento talvez seja o mais valioso”.