Do ‘Gordo Zarate’ a Alex de Souza: lendas esquecidas do futebol

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Lendas da bola que merecem ser lembradas
Imagem; Divulgação

O futebol brasileiro é uma verdadeira fábrica de histórias, talentos e lendas que marcaram gerações. Porém, entre os grandes ídolos reconhecidos nacionalmente, existem inúmeras narrativas esquecidas, atletas folclóricos e superstições que compõem o rico mosaico cultural do esporte no País, mas que raramente ganham o devido destaque.

Resgatar essas histórias é fundamental para valorizar a memória do futebol brasileiro em sua plenitude. Se o Brasil é de fato o número um no esporte mais popular do planeta esse é um trabalho que realmente vale a pena.

CASO EMBLEMÁTICO

Um exemplo emblemático é o do meia Alex de Souza, um dos maiores camisas 10 da história recente, cuja trajetória brilhante no futebol brasileiro muitas vezes é deixada de lado nas conversas sobre lendas nacionais.

Nascido em Curitiba, Alex destacou-se por sua inteligência tática e precisão nos passes, comandando times com uma maturidade rara para sua idade.

Apesar de seu talento e liderança, sua história não é tão celebrada quanto a de outros craques, o que motivou documentários e vídeos para reavivar sua memória entre os fãs do futebol.

FUTEBOL EM PARINTINS

Além dos grandes centros, o futebol regional também guarda preciosidades esquecidas. O site Bola da Ilha, por exemplo, é um projeto que resgata a história do futebol em Parintins, no Amazonas, trazendo à tona clubes, jogadores e dirigentes que influenciaram o esporte local, mas que foram praticamente apagados da memória coletiva.

Segundo Sebastião Janderson Torres da Silva, um dos idealizadores do site, “a história do futebol parintinense permanece viva na memória das pessoas que assistiram aos jogos, torceram, vibraram e participaram do esporte local, mas não encontra espaço nos grandes veículos de comunicação”.

O resgate dessas histórias regionais é essencial para democratizar a narrativa do futebol brasileiro, que tradicionalmente privilegia clubes do Sul e Sudeste.

O GORDO ZARATE

O folclore do futebol também é rico em personagens pitorescos e casos curiosos. Um exemplo famoso é o do atacante Leandro “Gordo” Zarate, que durante um treino do Botafogo simplesmente desapareceu, alegando que iria à lavanderia, mas acabou sendo encontrado horas depois na Argentina.

Histórias como essa ilustram o lado imprevisível e humano do esporte, que muitas vezes fica esquecido diante da rotina profissional e da pressão por resultados.

SUPERSTIÇÕES

Além dos jogadores, as superstições e rituais dos times brasileiros também fazem parte desse universo de histórias pouco contadas. Muitos clubes mantêm tradições curiosas para atrair sorte ou afastar o azar, como o uso de uniformes específicos em jogos decisivos, amuletos levados por jogadores e até mesmo crenças em locais “energéticos” nos estádios.

Essas práticas, embora vistas por alguns como meras crendices, refletem a paixão intensa e a busca por controle em um esporte marcado pela imprevisibilidade.

Para o jornalista esportivo e pesquisador Rafael Lima, “resgatar essas histórias esquecidas é mais do que nostalgia; é reconhecer que o futebol brasileiro é feito de muitos protagonistas, não apenas os que brilham nos grandes palcos, mas também aqueles que construíram o esporte em suas bases, em cada canto do País”.

Ele destaca que iniciativas de webjornalismo e documentários têm sido fundamentais para dar voz a essas narrativas, promovendo um olhar mais plural e inclusivo sobre o futebol nacional.

MEMÓRIA CULTURAL

O resgate das lendas esquecidas também ajuda a preservar a memória cultural e social que o futebol carrega. Como aponta o historiador Carlos Bosi, “cada geração tem, de sua cidade, a memória de acontecimentos que permanecem como ponto de demarcação em sua história”.

No futebol, isso significa que as histórias dos clubes, dos jogadores e dos torcedores formam um patrimônio imaterial que precisa ser valorizado para que o esporte continue sendo uma expressão viva da identidade brasileira.

Resgatar essas histórias é um ato de justiça histórica e cultural, que enriquece o entendimento do futebol brasileiro, mostrando que o esporte é muito mais do que vitórias e títulos: é uma coleção de narrativas humanas, folclóricas e emocionais que merecem ser lembradas e celebradas.