Do interior ao pódio: os novos eixos na formação de atletas em 2025

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Cefat Niterói
Foto: Cefat Niterói - Trops

A partir de 2025, o Brasil assiste a uma transformação relevante na forma como se formam seus futuros talentos esportivos. A interiorização da formação e a descentralização dos grandes centros de treinamento emergem como duas estratégias convergentes para ampliar a base de atletas no país e democratizar o acesso ao esporte de alto rendimento.

ROMPENDO O EIXO RIO-SÃO PAULO

Historicamente, a maior parte dos centros formadores de atletas – em esportes coletivos, olímpicos e paralímpicos, inclusive no futrbol – concentrou-se nas capitais.

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O Ministério do Esporte e o Programa “Revelar Talentos”, lançado em 2024 e com expansão contínua em 2025, já operam em 31 núcleos espalhados por 15 estados, incluindo no interior, beneficiando cerca de 700 jovens inicialmente e crescendo rapidamente.

Segundo o ministro do Esporte, André Fufuca, “Esses jovens estão recebendo apoio técnico e financeiro… É um projeto que começa pequeno, mas que alcançará uma amplitude muito grande em todo o País”.

CLUBES E PROGRAMAS ESTADUAIS

Paralelamente, iniciativas como o Programa SESI Esporte apostam em uma metodologia que respeita fases de desenvolvimento (Participação, Aperfeiçoamento e Desempenho), presente em 185 parcerias em São Paulo, com meta de alcançar 300 até o fim de 2025.

André Avallone, gerente de Esporte e Lazer do SESI-SP, afirma: “Nosso foco está no respeito ao tempo e ao desenvolvimento de cada aluno e de cada atleta”.

Ao mesmo tempo, o Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) atualizou seu Programa de Formação de Atletas (PFA), alinhado ao Plano Estratégico 2025‑2028, com três pilares: infraestrutura (equipamentos e materiais), recursos humanos (treinadores, profissionais qualificados) e apoio a competições nacionais.

Segundo Paulo Maciel, presidente do CBC: “O Programa de Formação de Atletas… tem sido fundamental para o fortalecimento do esporte nacional… Dos atletas que representaram o Brasil na competição [Paris 2024], 89% tiveram sua formação em clubes”.

EXEMPLOS DE CONSOLIDAÇÃO LOCAL

Algumas iniciativas no interior demonstram com clareza os impactos dessa descentralização. O Clube 1992, em Carazinho (RS), revelou‑se uma referência em formação desde a base até o profissional, com sede em complexo próprio e infraestrutura moderna; em 2025, o clube estreia no futebol profissional, fruto de uma estratégia que alia estrutura técnica à educação esportiva.

No Rio de Janeiro, o Centro de Formação de Atletas do Trops (CEFAT), em Niterói, reconfirmou sua missão: formado pelo Trops Clube e parceiro do Botafogo, já formou nomes como Matheus Nascimento e Kauê Leonardo, com extensão do acordo até 2034. A unidade funciona como polo longe da capital, mas com padrão de primeira linha.

VANTAGENS E DESAFIOS

A interiorização amplia o potencial de descoberta de talentos, reduz deslocamentos, gera senso de pertencimento à comunidade local e cria identidade regional.

Por outro lado, ainda há desafios: falta de recursos em municípios do interior, necessidade de profissionais qualificados, tecnologias esportivas mais sofisticadas (como análise por dados e monitoramento físico) e infraestrutura adequada.

BARREIRA

As regiões menos favorecidas enfrentam escassez de investimento. A tecnologia ainda é uma barreira em muitos clubes, especialmente os pequenos.

Em fóruns e debates recentes, profissionais alertam que os clubes de interior e pequenas federações carecem de capacitação e integração a redes de scouting nacional. Um comentário comum nas plataformas de futebol é:

“O Brasil ainda é um pouco atrasado em questões tecnológicas… clubes menores preferem investir em outras coisas”.

PERSPECTIVAS E INTEGRAÇÃO NACIONAL

Para consolidar uma interiorização sustentável, é essencial integrar políticas públicas (como o SESI Esporte e os núcleos do Revelar Talentos), investimento privado (via clubes e CBC) e infraestrutura local (prefeituras, federações municipais).

A aproximação com universidades, institutos educativos (como o Instituto Esporte & Educação, fundado por Ana Moser), e parcerias comunitárias ajudam a construir uma rede que atue nas regiões mais remotas.

CONCLUSÃO

A interiorização da formação de atletas e a descentralização dos centros representam uma mudança essencial no cenário esportivo brasileiro. O País está deixando de depender exclusivamente de centros tradicionais nas capitais e apostando em polos regionais que valorizam a base.

O desafio central agora é garantir a qualidade, continuidade e integração desses projetos – para que o Brasil mantenha sua tradição de revelar talentos de forma sustentável e plural.