Do samba ao relógio tático: como o Brasil pode recuperar a liderança no futebol mundial

88
Brasil x Paraguai
Imagem: Divulgação/CBF

A seleção brasileira, pentacampeã mundial e referência histórica do futebol mundial, tem vivido um momento de estagnação nos últimos anos. Em 2025, observadores e especialistas apontam que o Brasil parece parado no tempo em termos táticos, enquanto as grandes potências europeias evoluem constantemente em suas estratégias de jogo.

O resultado são atuações instáveis e resultados abaixo do esperado, culminando na terceira colocação nas Eliminatórias da Copa do Mundo 2026, com uma derrota marcante por 4 x 1 contra a Argentina em Buenos Aires, em março deste ano.

Agora sob o comando do consagrado técnico italiano Carlo Ancelotti, espera-se que a seleção avance novamente no cenário internacional.

FALTA DE ADAPTAÇÃO

Para o jornalista esportivo Thiago Arantes, “a equipe pentacampeã mundial está isolada e ignora as principais tendências do futebol mundial, seja por arrogância, ignorância ou desinteresse”.

Tal observação ganha força diante da incapacidade da equipe de se adaptar às novas demandas do jogo moderno, como a versatilidade posicional, pressão alta integrada e maior equilíbrio entre defesa e ataque.

INOVAÇÃO VERSUS TRADIÇÃO

Na Europa, seleções como França, Alemanha e Espanha têm se destacado pelo aprimoramento tático constante, uso intenso da tecnologia e análise detalhada dos adversários.

Por exemplo, treinadores alemães e franceses adotam sistemas flexíveis como o 3-4-3 e 4-2-3-1 com variações dinâmicas durante a partida para garantir superioridade numérica em diferentes setores, além do uso intenso da posse de bola combinada com forte transição.

Já o Brasil insiste em sistemas tradicionais, sobretudo o 4-2-3-1 e variações do 4-3-3, mas com pouco pragmatismo defensivo e poucas adaptações durante jogo segundo analistas.

Em partidas decisivas, como diante da Argentina, isso tem revelado um desequilíbrio preocupante, com meio-campo vulnerável e linha defensiva exposta.

O ex-treinador mundialmente conhecido, Carlos Alberto Parreira, avaliou: “O futebol moderno exige adaptação rápida, variações táticas dentro da mesma partida. Nossa seleção tem dificuldades para sair do modelo clássico, o que limita a criatividade e a capacidade de lidar com times que se movimentam com mais intensidade e pressão alta”.

DESEQUILÍBRIO

Além da comparação externa, o futebol brasileiro encara problemas internos que agravam essa estagnação. A escalação da seleção frequentemente privilegia linha de ataque com até quatro atacantes e apenas dois volantes de marcação, uma aposta que, na prática, gera desequilíbrio diante de seleções técnicas e agressivas no meio-campo – como a Argentina demonstrou.

O comentarista esportivo João Baptista ressalta: “É fundamental que o treinador prezar por equilíbrio. Atuar com quatro atacantes e meio-campo pouco protegido é receita para o desastre contra seleções que primam pelo controle do jogo no setor central, e isso precisa ser revisto urgentemente”.

Outro ponto fundamental são as alterações táticas durante os jogos. Na derrota histórica por 4 x 1 para os “Hermanos”, as mudanças feitas foram tardias e insuficientes para frear a superioridade argentina. Isso aponta para uma deficiência no planejamento e na gestão do time durante o jogo, algo impensável para seleções em alto nível competitivo.

CAMINHOS PARA A EVOLUÇÃO

Diante desse cenário, especialistas defendem que a seleção brasileira precisa resgatar a flexibilidade tática e investir pesado em preparação física e mental, além de adotar tecnologias de ponta para análise de desempenho.

O técnico gaúcho Mano Menezes, atualmente comandando o Grêmio, que já passou por clubes brasileiros e a seleção, afirma: “É preciso buscar um jogo mais compacto, com equilíbrio entre defesa e ataque. O sistema 4-2-3-1 pode ser eficiente, mas é necessário ter jogadores multitarefas e que entendam os momentos da partida. Não podemos depender de artifícios ofensivos se não temos um meio-campo forte”.

Além disso, a capacitação da comissão técnica e troca de experiências internacionais são apontadas como imprescindíveis para voltar a colocar o Brasil entre os melhores do mundo.

CONCLUSÃO

A Seleção Brasileira em 2025 enfrenta um dilema: manter-se apegada a modelos tradicionais de jogo ou abraçar a modernidade, com as inovações táticas que têm definido o futebol das maiores potências europeias.

Enquanto o tempo passa, o Brasil tem mostrado que precisa urgentemente de renovação, seja na forma de jogar, na preparação dos atletas ou na visão de seus comandantes.

Afastar a estagnação e se readaptar ao futebol mundial será o grande desafio não só para 2026, mas para garantir a hegemonia histórica do futebol brasileiro no século XXI.