Futebol moderno e saúde dos atletas: o desafio entre jogos e prevenção

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Preparação do Botafogo
Foto: Site do Botafogo

No futebol atual, a preparação física, a ciência aplicada à saúde dos atletas e o condicionamento são fatores determinantes para o sucesso de um clube, impactando diretamente na longevidade dos jogadores e na prevenção de lesões.

O cenário mudou muito nas últimas décadas: atletas são cada vez mais exigidos em aspectos físicos, técnicos e mentais, o que exige uma estrutura de suporte robusta dentro dos clubes.

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A ciência esportiva oferece, inclusive, estratégias específicas para minimizar o risco de lesões e garantir a manutenção do rendimento em alto nível.

Por outro lado, o excesso de jogos num calendário apertado tem sido um vilão para muitos atletas, elevando o índice de contusões e encurtando carreiras. Isso é intensificado por demandas comerciais e mercadológicas do esporte, levando muitos jogadores a serem submetidos a esforços além do limite saudável.

O CASO DO BOTAFOGO: EXEMPLO NEGATIVO?

O Botafogo, atual campeão da Libertadores e brasileiro, vem enfrentando uma temporada marcada por vários desfalques por lesões. Em 2025, o Alvinegro carioca já registrou nada menos que 23 jogadores lesionados, um número elevado que repete ou até supera temporadas anteriores.

Um dos casos mais graves foi a baixa do zagueiro Kaio Pantaleão, que rompeu ligamentos e o menisco medial do joelho esquerdo. Além dele, jogadores como Savarino, Artur e Alex Telles também ficaram longos períodos afastados por problemas musculares ou outros tipos de contusões.

A sequência de baixas nas últimas rodadas preocupa a comissão técnica e a torcida. O técnico Davide Ancelotti e o departamento médico do clube vêm sendo questionados sobre a responsabilidade nesse alto número de lesões. Seria resultado de má preparação física, calendário intenso ou falhas no acompanhamento da saúde dos atletas? O clube não divulga detalhes precisos, mas o fato é que tais baixas impactam diretamente o rendimento e a competitividade do time dentro do Brasileiro.

PREVENÇÃO E O PAPEL DA CIÊNCIA NO FUTEBOL

Especialistas em medicina esportiva explicam que a prevenção de lesões passa, inicialmente, pelo controle adequado de cargas de treinos e jogos: “O descanso para todos os esportes profissionais tem que ser de no mínimo 72 horas. E, geralmente, isso não é respeitado, tanto pelos treinamentos quanto pela interposição de campeonatos” afirmou o médico ortopedista Adriano Leonardi.

Segundo o profissional, a falta desse descanso mínimo fará com que o corpo fique mais suscetível a lesões musculares, ligamentares e outras complicações.

Além disso, protocolos de prevenção, como o programa FIFA 11+, desenvolvido pelo Departamento Médico da FIFA, têm se mostrado eficazes na redução de até 50% das lesões graves quando aplicados corretamente.

Por isso, os treinamentos preventivos individualizados são recomendados, aliando avaliações clínicas e exercícios específicos para corrigir desequilíbrios musculares e fadiga.

PREPARAÇÃO FÍSICA

Em seu papel, o preparador físico do clube pode minimizar os riscos, mas deve contar com toda a estrutura científica disponível, integrando fisioterapia, nutrição e acompanhamento mental.

” A medicina esportiva e a preparação física tentam minimizar esses efeitos da melhor maneira possível, mas não dá para evitar as sequelas. Quanto maior a exigência, maior é a demanda muscular e mais lesões vão acontecer. Isso é inevitável”, declarou o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE), Fernando Carmelo Torres.

LONGEVIDADE DOS ATLETAS: UM DESAFIO CONTÍNUO

A alta demanda por jogos prolonga o desgaste físico dos jogadores e contribui para reduzir a longevidade da carreira esportiva. Por isso, os clubes devem oferecer o que há de melhor em tecnologia e ter um bom planejamento de temporada para pelo menos minimizar o desgaste dos atletas.

“Às vezes, só o fato de o atleta ficar parado um ano, um ano e meio, já encurta a carreira dele. Além disso, quando ele para, paga consequências muito maiores do que se ele não tivesse sido submetido a uma carga dessa. É aquele famoso joelho de 80 anos de idade em uma pessoa de 40”, explica o ortopedista Adriano Leonardi, que acompanha ex-jogadores em seu consultório.

Tal panorama exige cada vez mais investimentos por parte dos clubes para evitar que seus atletas sofram lesões incapacitantes ou que a performance diminua pela persistência de problemas físicos.