
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou nesta quarta-feira, durante evento na sede da entidade no Rio de Janeiro, um novo calendário para o futebol brasileiro que entrará em vigor já a partir da temporada 2026.
Com o objetivo de diminuir a sobrecarga de jogos para os clubes da elite e ampliar a participação das equipes menores, a medida representa uma reformulação estrutural sem precedentes no calendário nacional.
O presidente da CBF, Samir Xaud, destacou a importância das mudanças: “Esse 1º de outubro fica marcado na história do futebol brasileiro. Anunciamos transformações profundas para reduzir a carga de jogos e dar mais espaço para clubes que ficam longos períodos sem calendário. É uma questão de justiça esportiva e equilíbrio”.
PRINCIPAIS MUDANÇAS: DATAS E FORMATOS
O novo calendário reduz o número de datas dos campeonatos estaduais de aproximadamente 15-16 para 11, com início previsto em 11 de janeiro e término em 8 de março. Essa redução visa aliviar as competições regionais que tradicionalmente lotavam o primeiro semestre do ano.
O Brasileirão terá início antecipado para 28 de janeiro e se estenderá até 2 de dezembro, com datas definidas antecipadamente, enquanto a Série B começará em 21 de março e terminará em 28 de novembro.
As Séries C e D também terão suas janelas delimitadas, com início em abril e término em outubro/setembro, respectivamente, facilitando o planejamento dos clubes.
A Copa do Brasil passa por uma reformulação significativa: o número de participantes subirá de 92 para 126 clubes em 2026 e para 128 em 2027. Todos os clubes da Série A terão entrada direta a partir da 5ª fase do torneio, e a final será disputada em jogo único, possivelmente em campo neutro, com a adoção de fases iniciais em confrontos de ida única — uma inovação para acelerar a competição.
MAIS COMPETIÇÕES
Um dos destaques do novo formato é a criação da Copa Sul-Sudeste, que será disputada simultaneamente à Copa Verde e à Copa do Nordeste. Essa competição surge para dar mais oportunidades regionais, ampliando o calendário e oferecendo visibilidade para clubes que historicamente têm menos espaço nas grandes competições nacionais.
A Série D também será ampliada, passando de 64 para 96 clubes, garantindo mais chances para clubes pequenos de todo o país participarem do futebol profissional e ganharem calendário competitivo ao longo do ano.
Júlio Avelar, diretor de competições da CBF, ressalta que o objetivo dessas alterações é “descentralizar o calendário, equilibrando a quantidade de jogos e proporcionando mais oportunidades regionais, o que vai fortalecer o futebol brasileiro como um todo”.
IMPACTOS PARA OS CLUBES: EQUILÍBRIO E DESCANSO
Os clubes da elite, que enfrentavam verdadeiras maratonas de jogos, com viagens extensas e compromissos em excesso, terão seus calendários aliviados.
O novo formato busca espaçar as datas das competições nacionais para oferecer mais tempo de preparação e descanso aos atletas, um pedido antigo dos próprios clubes e atletas.
Ao mesmo tempo, a ampliação das competições nacionais para mais equipes significa mais chances de acesso e permanência no cenário competitivo para os clubes das divisões inferiores, que antes enfrentavam longos períodos sem jogos oficiais, o que afetava seu desempenho e finanças.
Dirigentes ouvidos para este tema destacam que “o calendário anterior sufocava os clubes menores, que ficavam parados grande parte do ano, enquanto os grandes mal conseguiam gerir seus elencos por conta do excesso de jogos. Essa mudança pode ser o divisor de águas para a profissionalização plena do futebol brasileiro”.
NOVAS REGRAS E TECNOLOGIAS
Além das mudanças no calendário, a CBF anunciou que está finalizando os estudos para implementar o impedimento semiautomático em todas as principais competições a partir de 2026, acompanhando os maiores torneios internacionais.
Outro ponto relevante é o desenvolvimento de um sistema de Fair Play Financeiro, que será anunciado em novembro de 2025 com regras que visam garantir sustentabilidade econômica e equilíbrio financeiro, controlando gastos e dívidas dos clubes, um avanço importante para o futuro do futebol brasileiro.
Samir Xaud conclui: “2026 será um ano de transição, mas estamos dando um passo decisivo para reconstruir o futebol nacional, com transparência, diálogo e compromisso com o equilíbrio esportivo e financeiro”.
CONCLUSÃO
Esta reformulação do calendário do futebol brasileiro anunciada pela CBF representa uma tentativa inédita de reajustar o equilíbrio entre competições, clubes e atletas, visando a sustentabilidade e a amplitude do futebol nacional para os próximos quatro anos. Com menos maratonas para os grandes e mais chances para os pequenos, o futebol brasileiro se prepara para uma nova era a partir de 2026.