Os olhos do mundo na arbitragem brasileira

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Foto: Divulgação/César Greco-Palmeiras

O Campeonato Brasileiro deste ano marcou uma mudança silenciosa, porém profunda, na forma como a arbitragem é monitorada, orientada e avaliada. 

A criação do Conselho Consultivo de Especialistas Internacionais (CCEI), iniciativa inédita no País, inseriu novos atores na dinâmica do apito, nomes experientes de outras ligas que passaram a acompanhar, revisar e sugerir melhorias para o trabalho dos árbitros brasileiros.

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Embora ainda pouco compreendido pelo grande público, o conselho já exerce alguma influência real nos bastidores, na interpretação de lances complexos. 

MEMBROS

O CCEI é formado pelos especialistas Nestor Pitana, Nicola Rizzoli e Sandro Meira Ricci. O grupo delibera sobre lances ocorridos na Série A do Campeonato Brasileiro.

Trata-se de uma iniciativa inédita da CBF, cujo objetivo é dar ênfase à gestão da comunicação, aprimorar a arbitragem nacional e reduzir o número de decisões equivocadas.

“A criação do conselho acontece em um momento de muita importância para o esporte no Brasil. Buscamos opiniões dos mais respeitados profissionais em nível técnico no mundo”, enfatizou o presidente da comissão de arbitragem da CBF, Rodrigo Cintra.

Entre os jogos com lances analisados pela comissão estão, por exemplo, duas partidas do Brasileirão-25: Juventude x Vitória e Grêmio x Atlético (MG), além de Operário (MT) x Novorizontino (SP), pela segunda fase da Copa do Brasil.

COMO O CONSELHO AVALIA

Embora não tenha poder de veto oficial, o Conselho funciona como um mecanismo de auditoria constante. A cada rodada, os consultores analisam de cinco a oito partidas selecionadas pela comissão de arbitragem nacional. Eles observam critérios como:

  • aplicação coerente das regras,

  • tempo de reação em lances que exigem VAR,

  • disciplina tática para manter posicionamento,

  • consistência psicológica em momentos de pressão,

  • clareza nas explicações dadas aos jogadores

O que poucos sabiam no início da competição, mas já se tornou evidente nos bastidores, é que as avaliações têm peso direto na escalação. Árbitros bem avaliados ganham mais jogos “de vitrine”. Os que acumulam inconsistências são deslocados para partidas de menor impacto até corrigirem falhas.

Uma fonte interna da comissão de arbitragem, que preferiu não ser identificada, afirmou que “há árbitros que mudaram drasticamente a postura porque sabem que o relatório do Conselho pode fazer diferença na carreira”.

INFLUÊNCIA NAS DECISÕES DE VAR E INTERPRETAÇÕES POLÊMICAS

Um dos aspectos mais relevantes – e pouco divulgados – é como o Conselho interfere nas correções de protocolo. Em ao menos duas situações na primeira metade do Brasileirão-25, relatórios internacionais recomendaram ajustes imediatos.

A PRESSÃO SOBRE A ARBITRAGEM BRASILEIRA

A presença do Conselho trouxe uma consequência que poucos anteciparam: árbitros brasileiros passaram a se comportar como profissionais avaliados globalmente, e não apenas internamente. Para alguns, isso representa evolução. Para outros, gera ansiedade.

O chileno Esteban Rojas comentou, com honestidade, que “árbitros jovens às vezes tentam apitar como se estivessem na Premier League ou na Bundesliga, e isso não é o objetivo; queremos melhorar o nível deles no contexto do futebol brasileiro”.

UM FUTURO DE ARBITRAGEM MAIS GLOBALIZADA

Embora esteja em fase inicial, o Conselho Consultivo mostra que o futebol brasileiro caminha para uma arbitragem mais integrada ao debate global. A troca de métodos, o choque de culturas e a transparência crescente tendem a transformar o papel do árbitro no país.

Se o Conselho permanecerá após 2025, ainda é incerto. Mas seu impacto já é real: padrões foram elevados, erros foram discutidos abertamente e decisões importantes passaram a ser tomadas com um olhar além das fronteiras nacionais.

Como o presidente da CBF, Samir Xaud, faz questão de enfatizar, o objetivo e aprimorar ao máximo as arbitragens no Brasil, dando-lhe uma qualidade internacional, reduzindo as costumeiras reclamações de clubes, jogadores e da imprensa.