O futebol mundial tem mudado muito nos últimos anos em termos de táticas empregadas pelos principais treinadores do planeta. Em relação aos passes não poderia ser diferente. Um exemplo são os passes que quebram linhas defensivas.
São aqueles que rompem a estrutura defensiva adversária, passando verticalmente entre as linhas de defesa, meio-campo ou entre os jogadores rivais. Eles são ideais para criar chances perigosas, pois colocam o time atacante em posição avançada, explorando espaços valiosos.
Segundo o estudo de Oktay Karakuş e Hasan Arkadaş (2025), “passes que quebram linhas (LBPs) são ações táticas cruciais que permitem a penetração nas linhas defensivas, abrindo espaços de alto valor para a equipe”.
Eles propõem um método para identificar esses passes usando análise de agrupamento (clustering), modelando a forma da equipe adversária e detectando passes que geram rupturas na defesa.
ANÁLISE DE REDE DE PASSES E MÉTRICAS
A análise de rede de passes conceitua o time como uma rede complexa de interações, em que os jogadores são nós e os passes são conexões entre eles. Essa análise ajuda a entender a estrutura coletiva do jogo.
- Centralidade mede a importância de um jogador dentro da rede, indicando quem é mais essencial para a circulação da bola.
- Clustering (agrupamento) refere-se à tendência dos jogadores em formar grupos onde há uma maior concentração de passes dentre eles — é uma métrica de coesão local na rede.
Na prática, a análise de clustering no futebol tem a ver com identificar grupos de jogadores que trocam passes com maior frequência, formando “clusters” que podem ser usados para explorar fraquezas defensivas ou fortalecer o controle da bola.
USO NO FUTEBOL BRASILEIRO
Nos clubes brasileiros, o uso de análise avançada de desempenho, incluindo métricas de passes que quebram linhas e redes de passes, tem crescido, embora ainda esteja em estágio emergente.
O Flamengo, por exemplo, destaca-se por empregar tecnologia e análise estatística avançada para aprimorar suas táticas e desempenho em campo. Conforme relata a matéria jornalística recentemente publicada em órgão de comunicação brasileiro:
“O Flamengo utiliza câmeras táticas e softwares de análise para monitorar os padrões de passes e ajustar estratégias em tempo real, contando com analistas de desempenho que transformam dados em ações táticas efetivas”.
Técnicos e analistas como Rodrigo Santana, entre outros, e profissionais ligados às comissões técnicas vêm incorporando essas análises para orientar decisões sobre movimentação, posse e transições. Contudo, o uso sistematizado e em larga escala ainda é limitado a clubes de maior estrutura, pois requer investimento em tecnologia, coleta e processamento de dados.
IMPACTO PRÁTICO NAS COMPETIÇÕES
A aplicação dessas métricas permite identificar passadores que melhor penetram linhas adversárias, escalonar jogadores de acordo com seu papel na rede e criar estratégias ofensivas mais eficientes.
“Ao quantificar a efetividade dos passes que quebram linhas e avaliar as redes de passes, técnicos podem otimizar a progressão vertical e a criação de oportunidades, o que impacta diretamente o resultado das partidas”, explica o pesquisador Rafael Casé (2023).
Este enfoque também representa a evolução do futebol para um esporte cada vez mais guiado pela ciência de dados, em que os treinadores aliam intuição a evidências quantitativas para superar adversários e explorar espaços de jogo com maior precisão.
CONCLUSÃO
A tendência das táticas emergentes no futebol é o uso aprofundado de modelos de análise de passe entre linhas e redes de passes para obter vantagem estratégica.
Alguns dos principais clubes brasileiros estão começando a adotar essas técnicas, com impacto demonstrado principalmente nos times que investem em tecnologia e equipes multidisciplinares de análise.
Tais ferramentas auxiliam na tomada de decisão, no planejamento tático e na capacidade de surpreender adversários com passes de muita qualidade, elementos essenciais para a evolução do futebol nacional.
