
O futebol, esporte mais popular do mundo, tornou-se também um dos principais alvos da desinformação nas redes sociais em 2025. Com o avanço das tecnologias digitais e o crescimento exponencial do uso de plataformas como X (antigo Twitter), Facebook e Instagram, por exemplo, o ambiente futebolístico se tornou terreno fértil para a propagação de fake news.
UM CASO RECENTE
Um dos casos mais recentes envolveu vídeos manipulados por inteligência artificial (deepfake) do técnico Renato Gaúcho e do zagueiro Thiago Silva, ambos do Fluminense.
Os vídeos falsos mostravam os atletas anunciando doações de camisas do clube, induzindo torcedores a realizarem pagamentos via PIX. A assessoria do Fluminense confirmou a falsidade do conteúdo e acionou o departamento jurídico para retirar as páginas falsas do ar.
A verificação feita pela plataforma Hiya indicou níveis de autenticidade muito baixos nos áudios, reforçando o uso de tecnologia para enganar o público.
AMBIENTE TÓXICO
Esse episódio não é isolado. Segundo o pesquisador Guilherme Azevedo, do Instituto Politécnico do Porto, o futebol é um ambiente “tóxico” para a disseminação de fake news, devido à combinação de torcidas apaixonadas, rivalidades históricas e interesses financeiros enormes.
“As fake news aproveitam-se das tensões e da falta de controle sobre a informação, surgindo especialmente em momentos-chave, como janelas de transferências e antes de jogos importantes”, explica Azevedo.
O impacto emocional que o futebol exerce sobre seus fãs torna-os particularmente vulneráveis. Notícias falsas sobre transferências milionárias, escândalos pessoais fabricados ou acusações entre clubes podem gerar confusão, prejudicar reputações e até influenciar decisões dentro e fora de campo.
PAIXÃO E RAZÃO
O jornalista brasileiro Mauro Cezar Pereira alerta: “O futebol é um terreno fértil para a desinformação, pois a paixão muitas vezes fala mais alto que a razão. Isso pode causar danos irreparáveis a atletas e instituições”.
Além disso, as redes sociais potencializam a velocidade e o alcance da desinformação. Contas falsas e bots exploram a paixão dos torcedores para aumentar cliques e engajamento, disseminando rumores e notícias manipuladas em questão de minutos.
O comentarista internacional Pedro Sánchez destaca: “As redes sociais são o principal veículo para a propagação das fake news no futebol. A viralização rápida dificulta a checagem e a correção das informações falsas”.
CASO DOS E-MAILS EM PORTUGAL
Em 2017, no futebol português, o “Caso dos E-mails” envolveu divulgação de mensagens manipuladas entre clubes rivais, gerando um escândalo que chegou à Justiça.
No Brasil, notícias falsas envolvendo jogadores, como o caso do zagueiro Ruan Santos, do Palmeiras, que teria supostamente ofendido o rival Santos em mensagens falsas, também ganharam repercussão e precisaram ser desmentidas oficialmente.
RESPOSTA COORDENADA
O fenômeno das fake news no futebol exige uma resposta coordenada. Clubes, jornalistas e plataformas digitais têm buscado estratégias para combater a desinformação, como a checagem rigorosa de fatos, alertas de conteúdos falsos e educação midiática para torcedores.
Em suma, o futebol em 2025 permanece um dos setores mais afetados pela desinformação nas redes sociais.
A combinação de tecnologia avançada, paixão intensa e interesses econômicos cria um ambiente propício para a circulação de fake news, exigindo atenção redobrada de todos os envolvidos para preservar a integridade do esporte.