Pouca gente diria no início deste ano que o Botafogo seria um dos protagonistas do Campeonato Brasileiro. Afinal, o alvinegro carioca não chegou nem à semifinal do Cariocão-23, não jogava bem e o próprio mandatário do clube, o americano John Textor, afirmava que os torcedores só deveriam esperar grandes conquistas para 2025 ou mais. Porém, surpreendentemente tudo mudou e sob o comando de Luís Castro o Glorioso não apenas chegou à ponta da Série A como fez uma das maiores pontuações da história da competição na era dos pontos corridos. O sonho estaria, enfim, próximo de realizar-se?
Os problemas, porém, começaram quando Castro preferiu os petrodólares do Oriente Médio e deixou o clube carioca para se aventurar no comando da equipe que tem seu compatriota Cristiano Ronaldo. Mercenário? Parta muitos botafoguenses, sem dúvida. Para muitos profissionais, entretanto, o português estaria certo em conquistar sua independência financeira, mesmo que no longínquo futebol saudita.
Provisoriamente, John Textor trouxe para o Rio de Janeiro o ex-jogador Cláudio Caçapa, que fez tudo segundo manda o figurino. Afinal, como reza o já surrado ditado: “em time que está ganhando não se mexe.” Ele manteve a estrutura e a forma de jogar montada por Luís Castro, ganhou quatro partidas em sequência e até aumentou a vantagem botafoguense na ponta do Brasileirão. Mais festa nas sofridas hostes de alvinegros, cansados de serem alvo de chacotas dos arquirrivais de torcedores rivais.
Com a partida de Caçapa chegou então outro português: Bruno Lage, com uma boa passagem pelo Benfica e uma péssima pelo futebol inglês com o modesto Wolverhampton. Ele poderia pelo menos fazer o mesmo que Caçapa e ao final da temporada comemorar o que outro construiu.
Podia…, mas demonstrando um orgulho raras vezes vista em um treinador que nem sequer tem o cartaz que pensa ter, o segundo português tem apavorado a torcida e transformado o sonho em pesadelo. Mexeu no que estava dando certo, piorou tudo e tem abusado de decisões esdrúxulas.
A última das loucuras do “técnico” barrando principal jogador e artilheiro do Brasileirão, Tiquinho Soares, optando por seu favorito Diego Costa (já em fim de carreira) e improvisando o meia Tchê Tchê na lateral direita. Resultado de mais uma aventura de Bruno Lage? Empate em casa com o fraco Goiás, com gol do próprio Tiquinho, que teve o nome gritado pela torcida e calou a boca do orgulhoso treinador luso.
Bruno Lage parece perdido, tem milhões de torcedores irados com ele e não fez nada para dar pelo menos alguma esperança aos botafoguenses. O time, antes conhecido por sua alegria e eficiência, tem sido um bando em campo. Nada de jogadas ensaiadas ou um esquema minimamente coerente. A vantagem sobre o segundo colocado, agora o Bragantino, caiu para sete pontos. Ainda é boa, mas faltam 13 rodadas para o término do Brasileirão e o Glorioso ainda enfrentará muitas equipes difíceis que lutam pelo título, incluindo o próprio Bragantino e começando pelo Fluminense no próximo final de semana, no Maracanã. Textor precisa agir rápido, deixar o orgulho de lado, admitir o grande erro e dispensar Lage antes que seja muito tarde. Terá o americano coragem para isto? Sò o tempo dirá e já está se esgotando…