
Em meio a mais uma crise, o Vasco vive uma temporada particularmente turbulenta no Brasileirão de 2025. Com apenas 14 pontos em 14 jogos, o time terminou a última rodada na 16ª colocação e, na próxima partida contra o Internacional, no Beira‑Rio, pode até entrar no Z‑4 caso não consiga um bom resultado.
A situação acende o sinal de alerta para um possível rebaixamento, cenário que parece mais próximo do que o torcedor desejaria.
DERROTA NO CLÁSSICO, VEXAME CONTINENTAL E EMPATE EM CASA
Nos últimos três compromissos, o Vasco foi derrotado por 2 x 0 para o Botafogo, no clássico disputado em Brasília pelo Brasileirão-25, resultado que expôs os problemas defensivos e a incapacidade de reagir sob pressão.
Na sequência, no duelo pela Sul-Americana contra o Independiente Del Valle, o Cruz‑maltino foi goleado por 4 x 0, um placar humilhante que escancarou fragilidades táticas e físicas.
Na rodada passada da Série A, em São Januário o time conseguiu apenas um empate de 1 x 1 com o Grêmio, deixando claro que também não consegue encaixar um desempenho minimamente consistente em casa.
ONDE ESTÁ A FALHA?
O maior questionamento que ronda São Januário é: de quem é a responsabilidade por mais uma temporada de dificuldades? As críticas se concentram em três pontos:
- Fernando Diniz: o treinador insiste em aplicar seu estilo clássico ofensivo, de muita posse e troca de passes – o chamado “Dinizismo” – mesmo em um elenco que não parece ter a base técnica nem mental para sustentá-lo. Na coletiva após a derrota para o Botafogo, Diniz declarou:
“Acreditamos no nosso modelo, continuaremos focados em pronunciá-lo e ajustá-lo conforme o cenário da partida”, o que, na prática, soa como intransigência diante de um time em crise. Essa insistência com um sistema sem as peças adequadas reforça dúvidas se é hora de mudança.
- A diretoria: incapaz ou negligente ao montar um elenco limitado. Falta qualidade em posições-chaves, especialmente no meio-campo criativo e na recomposição defensiva. A gestão do presidente Pedrinho parece ter falhado na busca de reforços reais e no planejamento de longo prazo.
- Os jogadores: com atuações abaixo do esperado, muitos atletas têm se perdido em campo, pouco reagem, têm falhas individuais recorrentes e pouco entrosamento. Há sinais de falta de comprometimento em alguns setores.
Em resumo, parece haver uma combinação tóxica entre escolhas técnicas inflexíveis, elenco de baixa qualidade e performance instável dos atletas.
RISCO DE REBAIXAMENTO: REAL OU É CEDO PARA AFIRMAR?
Não é exagero afirmar que o rebaixamento ronda São Januário. Com 14 pontos em 14 rodadas, o Vasco tem média de um ponto por jogo, rendimento distante do necessário para permanecer na Série A.
A média histórica para escapar do Z‑4 gira em torno de 44 pontos ao final do campeonato, e o Vasco precisaria de “apenas” 30 pontos nos 24 jogos restantes, ou quase um ponto e meio por partida, o que implica ter um desempenho consistente que ainda não apresentou.
Além disso, a tabela está comprimida: as equipes próximas à zona de rebaixamento somam pontuações semelhantes, o que deixa qualquer deslize potencialmente fatal.
O Vasco está tão perto do Z‑4 que, na próxima rodada, pode até entrar na zona da degola se perder do Internacional. Esse tipo de oscilação aumenta a pressão e o risco.
QUEM PAGARÁ A CONTA?
Responsabilidades são compartilhadas:
- Fernando Diniz insiste num modelo que não rende resultados, e seu discurso tornou-se repetitivo diante de uma sequência de péssimos resultados.
- A diretoria falhou ao não compor um elenco competitivo, deixando o treinador sem ferramentas adequadas.
- Os jogadores, por sua vez, também não conseguem se impor em campo — especialmente os juniores ou contratados de última hora, que pouco contribuem sob pressão.
Um comentarista experiente declarou recentemente:
“O Vasco hoje é refém de um estilo que não funciona com o elenco que tem. É como tentar encaixar um quebra‑cabeças com peças erradas.”
Essa frase resume bem o impasse: nem a ideia de jogo nem os recursos humanos estão alinhados.
O QUE FAZER PARA EVITAR O PIOR?
Para evitar o rebaixamento, algumas ações se impõem com urgência:
- Revisão tática imediata: Diniz precisa renunciar ao dogma e adaptar o sistema à realidade atual: mais mobilidade, menos posse estática, e compactação defensiva urgentemente.
- Mudanças no elenco: abertura para contratar peças pontuais – especialmente um meia criativo e um volante com maior densidade física – e dar chance a jovens de potencial, se mostrarem comprometimento.
- Treinos mais intensos e motivacionais: o espírito de luta precisa voltar ao grupo e é função da comissão técnica cobrar intensidade.
- Pressão na diretoria: desde que o clube reveja sua política de contratações e comece a olhar para o futuro com mais ambição e planejamento.
CONCLUSÃO
A temporada está longe de ser catastrófica, mas o Vasco já entrou num ciclo de crise. A próxima rodada, contra o Internacional fora de casa, pode ser decisiva para abrir o buraco ou começar uma recuperação. O torcedor espera que haja um choque de gestão, mais realismo tático e união em campo.
Se nada mudar, o clube corre sério risco de renovar o histórico sombrio de rebaixamentos — e repetir padrões que têm assombrado seu torcedor. Mas ainda há tempo de reverter a trajetória. Faltam resultados, ajustes e, até aqui, nada disso realmente aconteceu em campo.