Gre-Nal amargo e o fim da era Roger Machado no Inter

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Torcida do Internacional
Torcida do Internacional (foto: Reprodução Youtube)

O Internacional enfrenta momento crítico no Brasileirão-25, agravado pela derrota para o maior rival, Grêmio, no clássico Gre-Nal 448, disputado no Beira-Rio. O Colorado saiu na frente, mas viu a equipe tricolor virar o placar e vencer por 3 x 2.

Este revés marcou o fim da passagem do técnico Roger Machado pelo comando do time, com aproveitamento de 55,7%, e acende um sinal de alerta sobre o futuro do clube na competição.

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O que começou como uma temporada promissora – com o título invicto do Campeonato Gaúcho 2025, quebrando a hegemonia recente do Grêmio que dominava a competição com sete conquistas seguidas –  agora se transforma em preocupação cada vez maior para a torcida colorada. O desempenho irregular no Brasileirão deixou o Inter em 13º lugar, com 27 pontos em 24 rodadas, apenas cinco pontos acima da zona de rebaixamento.

MOMENTO DIFÍCIL

A derrota no clássico foi a gota d’água para a diretoria, que não suportou mais a sequência ruim do time. O presidente Alessandro Barcellos comentou após o anúncio da demissão:

“É sempre um momento difícil, todos que trabalham no clube sabem que dificilmente se entende como algo positivo trocar o treinador. Mas a decisão foi tomada em conjunto e precisamos buscar o caminho de melhora para os próximos jogos”.

Roger Machado deixa o clube após 74 jogos, 34 vitórias, 20 empates e 20 derrotas. Apesar do bom começo e do título estadual, as eliminações na Libertadores e na Copa do Brasil, ambas nas oitavas de final, somadas ao Brasileirão abaixo do esperado.

QUEDA DE PADRÃO

Desde a conquista do Gauchão-25 de forma invicta, o Internacional não conseguiu manter o ritmo e o padrão de futebol que encantou a torcida no início da temporada. Segundo o ex-jogador e comentarista esportivo Maurício Saraiva, “o Inter está numa fase de muito mais do mesmo, falta criatividade e agressividade no meio-campo. O time não consegue impor o ritmo, vive de toques laterais e não finaliza o que cria”. Essa queda na produção tem sido evidente e explicita uma perda de gás e confiança no elenco.

O técnico Roger Machado, em algumas entrevistas recentes, reconheceu a instabilidade do time, mas mantinha a confiança no grupo: “Vencemos o título estadual, classificamos para a Libertadores, e já passamos por outras instabilidades. O poder de indignação dos jogadores é grande, e confio que eles vão conseguir voltar a fazer o que fizeram muito bem”. No entanto, a queda nos resultados falou mais alto e a pressão da torcida e do departamento de futebol pesou sobre a comissão.

SUBSTITUTO

Com a saída de Roger Machado, o Internacional se vê em um momento decisivo para corrigir rumos no Brasileirão e evitar um colapso completo que possa levar à zona de rebaixamento.

A direção já busca um substituto e o nome mais forte no mercado é o do argentino Ramón Díaz, ex-técnico de Corinthians, Vasco e outros clubes sul-americanos.

Ramón tem um histórico respeitável, foi campeão paulista em 2025 pelo Corinthians e é visto como um treinador capaz de dar novo fôlego ao Colorado. A possibilidade de sua contratação é bastante comentada nos bastidores do futebol gaúcho e nacional.

Sobre a possível vinda de Ramón Díaz, o comentarista esportivo João Martins explica: “Ramón é um técnico de personalidade forte, que gosta de futebol ofensivo e pode trazer o Chile tático que falta ao Internacional. Se vier, terá que trabalhar rápido para ajustar a equipe e tirar o Inter dessa posição desconfortável na tabela”.

O cenário, porém, não é fácil, pois além de resultados ruins, o time sofre com um elenco que parece não render no nível máximo esperado, o que pode exigir reforços ou mudanças no padrão tático.

O QUE MUDOU DESDE O TÍTULO GAÚCHO

Por que, então, o Internacional que conquistou o Gauchão de forma invicta e embalado, passou a patinar no Brasileirão-25? Vários fatores podem explicar essa mudança drástica.

Primeiro, o desgaste físico e mental da equipe devido à participação em múltiplas competições, como a Libertadores e a Copa do Brasil, que resultaram em eliminações ainda nas oitavas de final, pode ter abalado o grupo.

Segundo, a resistência do time em conectar um modelo tático eficiente diante de adversários mais fortes e ajustados na Série A. Além disso, a pressão crescente sobre Roger Machado e o ambiente turbulento dentro do clube ajudaram a criar um cenário desfavorável.

Além da questão técnica, o elenco também parece apresentar limitações. A continuidade de figuras que não desempenham o esperado e a ausência de um equilíbrio ideal entre defesa e ataque foram apontadas por analistas. “O Inter tem jogadores de qualidade, mas falta uma liderança clara e um meio-campo que organize o time e ajude a acelerar as transições ofensivas”, afirma Maurício Saraiva.

ALTERNATIVAS

Para mudar a rota e retomar o bom desempenho, o Colorado precisa agir rápido e de forma assertiva. Algumas alternativas apontadas são:

  • Contratação imediata de um técnico que imponha disciplina tática e consiga extrair o melhor dos jogadores (com Ramón Díaz sendo o favorito).
  • Reforço do time com jogadores que possam dar mais intensidade e criação no meio-campo, além de maior densidade defensiva.
  • Mudança na mentalidade coletiva para enfrentar os jogos decisivos com garra e foco, algo essencial para escapar da pressão crescente da zona de rebaixamento.

Segundo o ex-jogador e agora comentarista, Rafael Sobis: “O Inter já mostrou que tem time para jogar em outro nível. Agora é hora de ajustar detalhes e, principalmente, cuidar da cabeça dos jogadores. A confiança tem que voltar, senão o time fica vulnerável”.

O futuro do Internacional no Brasileirão-25 ainda é incerto, mas o que resta claro é que a diretoria trabalha para dar um novo rumo à equipe após a queda de Roger Machado.

A torcida espera que a chegada de um novo treinador, possivelmente Ramón Díaz, e as mudanças táticas e estratégicas possam devolver ao time a força que mostrou na temporada até o momento.