Copa Sul-Sudeste criada pela CBF promete mudar o mapa do futebol regional

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CBF (Divulgação)

Uma das principais novidades nas mudanças no calendário nacional propostas pela CBF será a Copa Sul-Sudeste, um torneio regional voltado para clubes que não disputam competições continentais no primeiro semestre.

A ideia da entidade máxima do futebol brasileiro é ampliar a competitividade e dar visibilidade a equipes de médio e pequeno porte, especialmente aquelas que enfrentam dificuldades de calendário após o fim dos estaduais.

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A nova competição deve reunir 16 clubes, com representantes dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Com formato ainda em finalização, a tendência é que haja uma fase de grupos seguida por mata-mata. Os jogos devem ocorrer entre março e maio, com transmissões sendo negociadas com canais regionais e plataformas de streaming.

CONTEXTO E ORIGEM DA COMPETIÇÃO

A proposta da Copa Sul-Sudeste é fruto de uma articulação entre clubes fora da elite, federações estaduais e a própria CBF, que busca reequilibrar o calendário para os times que ficam ociosos após os campeonatos estaduais.

A CBF também acredita que será uma forma de oxigenar a pirâmide do futebol nacional e melhorar a preparação desses clubes para as divisões inferiores do Brasileirão.

“Precisamos olhar para o futebol como um ecossistema. Se deixarmos os clubes menores parados seis, sete meses por ano, não há estrutura que resista”, afirma Fabiano Ribeiro, diretor de competições da Federação Catarinense. Ele destaca que a nova Copa pode inclusive reduzir a taxa de clubes licenciados que, por falta de calendário, desistem de participar de torneios nacionais.

PONTOS POSITIVOS

Entre os principais pontos positivos da Copa Sul-Sudeste, destacam-se:

  • Aumento do número de jogos para clubes fora da elite, especialmente aqueles que não disputam a Copa do Brasil ou as Séries C e D;
  • Desenvolvimento de jovens jogadores, que ganham mais tempo em campo e maior visibilidade antes das janelas de transferência;
  • Criação de uma identidade regional forte, o que pode atrair torcedores locais e fortalecer rivalidades históricas;
  • Geração de novas receitas, com patrocínios regionais, bilheteria e direitos de transmissão.

Segundo Luana Bastos, gerente de marketing do Volta Redonda, o clube já se organiza para aproveitar a oportunidade: “Essa Copa pode ser a vitrine que faltava para clubes como o nosso. O futebol do interior tem histórias ricas, e um campeonato assim nos coloca novamente no radar da mídia e do torcedor”.

A CBF também projeta que, a médio prazo, o torneio possa se tornar autossustentável, dependendo da adesão dos torcedores e da força da marca construída nos primeiros anos.

OBJEÇÕES: SOBRECARGA, DESIGUALDADE E INTERESSE LIMITADO

Apesar do entusiasmo em vários setores, a proposta da Copa Sul-Sudeste não é unanimidade. Alguns críticos apontam riscos e dificuldades em sua implementação.

O primeiro ponto levantado é a possível sobrecarga do calendário para clubes médios que já disputam estaduais longos e, eventualmente, competições nacionais. “O problema não é a quantidade de jogos, mas sim a qualidade da estrutura para suportá-los. Muitos clubes mal conseguem arcar com as despesas dos estaduais”, alerta o jornalista esportivo Marco Aurélio Souza, especializado em futebol regional.

Outro argumento é a diferença de estrutura entre os clubes dos estados mais ricos (como São Paulo e Rio de Janeiro) e os de estados com menor investimento, como Espírito Santo ou Paraná.

Existe o receio de que a competição acabe concentrando as vitórias e visibilidade nas mãos dos clubes mais organizados financeiramente, criando uma nova elite dentro da própria competição regional.

Também há dúvidas quanto ao real interesse do público. Será que haverá audiência suficiente para um torneio entre clubes que, muitas vezes, jogam com estádios vazios nas rodadas dos estaduais?

O desafio será transformar essa nova competição em algo atraente não apenas para as torcidas locais, mas também para patrocinadores e plataformas de mídia.

UM NOVO MODELO DE FUTEBOL?

Mesmo com as objeções, a Copa Sul-Sudeste representa um passo relevante em direção a um modelo mais equilibrado de futebol nacional. O Brasil sempre foi carente de competição intermediária entre os estaduais e o Brasileirão, e esta iniciativa pode preencher essa lacuna, especialmente se for bem estruturada e comunicada.

“Se funcionar, pode ser replicada em outras regiões. O Norte e o Centro-Oeste também merecem um calendário digno”, defende Fabiano Ribeiro, que vê na regionalização uma forma de manter o futebol vivo em cidades onde os clubes sofrem para se manter.

CONCLUSÃO

A implementação da Copa Sul-Sudeste está prevista para o primeiro semestre de 2026, mas as negociações com patrocinadores, emissoras e clubes seguirão até o final de 2025. O sucesso da iniciativa dependerá da capacidade dos organizadores de transformar uma boa ideia em um produto esportivo viável — algo raro, mas não impossível, no futebol brasileiro.