Desgaste na temporada europeia pesa e Ancelotti sofre com ausências

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Carlo Ancelotti e o filho Davide
Carlo Ancelotti e o filho Davide/Foto: Rafael Ribeiro - CBF

Desde que Carlo Ancelotti assumiu o comando da Seleção Brasileira, notam-se dificuldades frequentes com lesões de jogadores convocados, o que tem provocado cortes às vésperas de amistosos ou Datas‑FIFA. Além disso, com o Brasileirão-25 se aproximando de sua fase decisiva, atletas que atuam em nosso País têm de ser deixados de fora das convocações.

Nessas situações, Ancelotti tem tentado compensar com substituições, observar reservas e novatos, mas o desgaste da temporada europeia e os problemas físicos têm cobrado seu preço da Seleção Canarinho.

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SUBSTITUTOS

Nos amistosos deste mês contra Coreia do Sul (em Seul) e Japão (em Tóquio), por exemplo, Ederson foi convocado, mas sofreu uma lesão em treino no Fenerbahçe no último dia 4 e precisou ser cortado, abrindo espaço para John, ex-Botafogo e atualmente no Nottingham Forest, seguir para o extremo Oriente

O lateral Vanderson, do Monaco, também foi desconvocado por Ancelotti por lesão pouco antes de se apresentar. Sua vaga, então, foi ocupada por Vitinho, atleta do Botafogo.

Além disso, uma questão recorrente é a ausência de jogadores importantes como Neymar, Rodrygo, Joelinton e Militão, entre outras estrelas, por problemas físicos ou por estarem fora de ritmo ideal de atuação.

PRINCIPAIS CAUSAS DOS CORTES

As causas que mais aparecem nos cortes e ausências incluem:

  • Lesões musculares: muitos atletas retornam de lesões recentes ou recaídas, ou ainda carregam problemas musculares que impedem atuação ou exigem cuidado maior. Neymar, por exemplo, teve contusões musculares após longa lesão no joelho, e Rodrygo também foi citado como alternando entre bom desempenho e problemas físicos.
  • Desgaste físico de temporada europeia: jogadores das principais ligas da Europa carregam partidas em campeonatos, copas nacionais, competições continentais, o que pode aumentar o risco de lesão ou justificar a comissão técnica em poupar atletas.
  • Decisões técnicas e gestão de condição: além da saúde física, opta‑se por deixar jogadores de fora quando não estão em condição ideal de jogo, para evitar agravar problemas ou comprometer rendimento. Ancelotti tem dito repetidamente que convoca quem esteja “bem” física e psicologicamente.
CASOS RECENTES
  • Ederson foi convocado para os amistosos de outubro/2025, mas sofreu lesão em treino do Fenerbahçe e foi cortado; John (Nottingham Forest) foi chamado em seu lugar.
  • Vanderson também se lesionou pouco depois de ser convocado; Vitinho foi seu substituto.
  • Neymar foi ausente em convocação inicial de Ancelotti por problemas físicos recentes. Ancelotti afirmou: “Nesta convocação eu tentei selecionar jogadores que estão bem. Neymar teve uma lesão há pouco tempo … infelizmente há muitos jogadores lesionados e que não podem estar na Seleção” e contamos com ele, mostrando que sua ausência não é definitiva mas motivada pelo estado físico.
  • Também há casos de jogadores declarando desgaste mental. Por exemplo, surgiu notícia de que Rodrygo teria pedido para não ser convocado numa seleção por alegar cansaço mental, além dos problemas físicos.
COMO ANCELOTTI TEM LIDADO COM OS PROBLEMAS

Carlo Ancelotti adota algumas estratégias para mitigar os efeitos desses desfalques:

  1. Convocar reservas confiáveis e observar novatos: ao invés de simplesmente repetir listas, ele busca jogadores que possam suprir ausências e que estejam com bom desempenho ou em bom condicionamento físico. A convocação de John (estreante) é exemplo disso.
  2. Comunicar claramente as razões dos cortes: em coletivas, Ancelotti tem explicado as ausências com base em lesão recente ou em falta de ritmo de jogo, evitando especulações.
  3. Evitar riscos maiores: preferir deixar um atleta de fora do que convocá‑lo se estiver abaixo de 100% físico, para não agravar lesões ou comprometer desempenho. Ele chegou a dizer que “Para estar na Seleção, tem que estar 100%”.
  4. Gerenciar carga de jogo nos clubes: embora a seleção não controle todos os treinos de clubes, Ancelotti considera o histórico recente de lesões e o uso em partidas antes de convocar. O contexto europeu (viagens, fuso horário, calendário apertado) também tem sido levado em conta.
CONSEQUÊNCIAS E DESAFIOS PARA A SELEÇÃO
  • A instabilidade no grupo, com jogadores entrando e saindo, pode afetar entrosamento e planejamento tático.
  • Dificuldade de montar time base se nomes importantes ficam fora por lesão ou sob condição física precária.
  • Sobrecarga de jogadores que resistem: os que não se lesionam mas têm muitos jogos acumulados acabam sendo usados mais vezes, o que pode aumentar risco de lesão ou queda de rendimento.
  • Pressão pública: torcedores e mídia cobram presença de estrelas como Neymar, Rodrygo etc., o que fica mais complicado quando há questões físicas ou desgaste envolvido.
DECLARAÇÕES RELEVANTES
  • Do goleiro John (Nottingham Forest), convocado para substituir Ederson:

“Estou muito feliz, agradeço muito a Deus. A ficha está caindo aos pouquinhos, era um sonho estar aqui e hoje está sendo realizado” afirmou John ao comentar sua primeira convocação.

  • Do comentarista: Mauro Cezar disse a respeito de Richarlison:

“O nível do Richarlison caiu muito da Copa para cá. Ele teve vários problemas. Conseguiu melhorar um pouco seu desempenho no seu clube (Tottenham), mas hoje, claramente assim, sem a menor condição de ser um atacante da Seleção Brasileira.”

ALGUMAS REFLEXÕES

Para minimizar os cortes e as ausências por lesão ou condição física, algumas medidas importantes:

  • Melhor planejamento de calendário entre clubes e seleção, para evitar sobrecarga de jogos, permitir períodos de descanso adequado, especialmente depois de torneios ou temporadas exigentes.
  • Melhor acompanhamento médico e recuperação: maior integração entre clubes e CBF em monitoramento físico, prevenção de lesões, uso de tecnologia para avaliar fadiga, trabalho muscular, nutrição, sono etc.
  • Rotação e rodagem no elenco: dar oportunidades mais frequentes a jogadores reservas, para que a seleção não dependa exageradamente de poucos atletas; que haja alternativa pronta em casos de corte ou ausência.

CONCLUSÃO

Os cortes por lesão e as ausências por condição física ou mental tornaram‑se um desafio persistente na era Ancelotti à frente da Seleção Brasileira.

Embora existam exemplos recentes claros — Ederson, Vanderson, Neymar —, o treinador tem lidado com isso com transparência, uso de substitutos capazes e precaução para evitar agravar situações.