Quando foi anunciado que o Botafogo estaria em fase de transformação em clube-empresa a já sofrida torcida alvinegra teve enfim algum alento. Há quase 25 anos sem comemorar um título nacional e alvos da chacota de rivais no Rio de Janeiros, os torcedores botafoguenses ficaram esperançosos. Ao menos até hoje, porém, tudo não passou de uma ilusão e 2020 tem sido mais uma vez um show de horrores.
Na noite desta quarta-feira, contra o Bahia no Estádio Nilton Santos, mais um degrau foi descido nas expectativas dos alvinegros. Completamente apático em campo e com um técnico que além de escalar mal parece desmotivado para a função que ocupa, o time perdeu por 2 x 1 e está perto da lanterna da Série A.
É claro que o outrora Glorioso não chegou a esta situação da noite para o dia. Foram muitas as diretorias incompetentes e mesmo corruptas que acrescentaram tijolos no castelo de pesadelos do drama botafoguense. A atual gestão peca por erros como falta e ambição em relação aos campeonatos em disputa – sempre satisfeita em ver o clube no máximo como coadjuvante, mas na maioria das vezes apenas brigando para evitar o rebaixamento – má montagem do elenco e insistência com treinadores que nada acrescentam.
Paulo Autuori teve um belo passado pelo Botafogo e entrou na história como o treinador vitorioso no último título nacional do clube, no já distante ano de 1995. Também deve ser elogiado por aceitar dirigir um time com salários atrasados e limitações de elenco. Mas, como muitos torcedores têm dito, ‘já deu!”
O treinador parece desmotivado, já repetiu mais de uma vez que seu tempo como técnico terminou e está mais interessado em fazer parte da coordenação de futebol da futura S/A que nunca chega. Autuori também tem insistido com esquemas arcaicos e escala mal a equipe.
Nesta quarta-feira, precisando ganhar em casa contra o até então lanterna da Série A, optou por entrar em campo com excesso de cautela. Fica mesmo difícil assim! E o jovem Lecaros, por que não dar uma chance ao garoto que já demonstrou potencial? É proibido ter criatividade nas quatro linhas? A insistência com Pedro Raul, que vive um péssimo momento, até quando Autuori? Estas são algumas perguntas que o torcedor faz ao “gestor de futebol que está treinador”.
Enquanto a S/A não vem – se é que ainda virá – alguém deveria avisar aos incompetentes ou “sonolentos” entre dirigentes, técnicos e atletas que a Série B está logo ali e um novo rebaixamento tornaria a transformação do clube em empresa muito mais difícil. Como diz uma faixa que as torcidas organizadas do pobre Glorioso colocavam nos estádios: “nenhum clube resiste a tanta falta de ambição.”